Se o que você faz é o resultado do que você é, então é de supor que a Sociedade Cultural Mirassolense —recentemente transformada em Associação Mirassolense de Cultura— é a cara do Museu Municipal, borrada pelo desprezo e descaso para com a história da cidade. BOM DIA acompanhou o atual assessor do Departamento de Cultura, Vanderlei Gilmar Pinatto, nas dependências do museu, para constatar a triste e sistemática dilapidação do patrimônio público cultural mirassolense nos últimos 12 anos.

Física e culturalmente o prejuízo é grande. O forro já não se sustenta, minado pelas goteiras. Essas caem sobre armários, peças, fotografias e documentos da história, que vão se deteriorando a cada dia. É uma vergonha isso aqui”, diz o assessor, que antes desse cargo era vereador e assinou requerimento conjunto solicitando resposta da administração sobre a situação do museu.

As respostas, no entanto, são incompletas, apenas informam sobre a ação da chuva e que está sendo providenciado um orçamento para reforma do local. Pinatto diz que uma das providências será a interdição do local. “Não dá para abrir para visitação nesse estado em que se encontra.”

Não dá mesmo. Sobre mesas improvisadas, quadros com fotografias de gente que fez a história do município estão uns sobre os outros, na vã tentativa de salvar o que já está condenado. Os papéis fotográficos estão manchados de água. as essas poucas fotografias não são nada perto do que o museu já guardou, e desapareceu. Segundo registro de 1982, do historiador Ariovaldo Corrêa, naquela data havia um acervo perto de 20 mil fotografias.

Outros documentos, como o registro de todos os jornais editados na cidade, que antes estavam no andar de cima, sumiram, restando apenas alguns números. Do jornal Correio de Mirassol, editado ininterruptamente desde 1929, quase nada restou. “Parece que muita coisa foi queimada”, diz o assessor. “Acho que ‘coisa velha’ era jogada fora.” O que deu para recuperar, recuperamos’ O forro do Museu Municipal de Mirassol está tomado por goteiras e sem placas

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