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Propostas de Reformulação da Visita Monitorada e Criação de Material de Apoio Trilíngue ao Turista para o Theatro Municipal de São Paulo - A VISITA REFORMULADA
Mariana Cuencas Santos1
 
Proposta: a visita reformulada

A proposta de reformulação da visita monitorada ao Theatro Municipal de São Paulo levou em consideração diversos aspectos, necessários para torná-la mais compreensível e interessante ao turista/visitante. Estes serão detalhados a seguir.

1. O conteúdo
Sendo o objetivo original da visita dar uma oportunidade às pessoas de conhecer o Theatro, foi imperativo manter o conteúdo que já é utilizado atualmente, pois ele é capaz de fornecer um panorama geral do Municipal: dados históricos sobre a construção e o funcionamento, a relação da sociedade com o Theatro ao longo dos anos, eventos ocorridos no espaço que marcaram a história da cidade, e curiosidades históricas (relacionadas a personalidades que passaram pelo Theatro, entre outras). No entanto, o enfoque, a seleção e a ordem em que esse conteúdo será transmitido sofreram alterações, para tornar a visita mais coerente, fluida e de fácil compreensão. O material em texto do folder contém as mesmas informações, para que o turista estrangeiro possa acompanhar o conteúdo no momento em que o monitor o expõe.

2. O monitor
O monitor tem papel fundamental na visita: sua forma de apresentação das informações é determinante para o sucesso da mesma, pois sendo o narrador de uma história, o formador de conhecimento e o prestador de serviço ao mesmo tempo, ele terá um impacto crucial no modo com que este serviço é prestado, afetando diretamente o prazer da visita e a percepção do turista/visitante em relação à atração (DEERY; JAGO apud DRUMMOND; YEOMAN, 2004, p. 171).
Portanto, não basta o monitor ter o domínio do conteúdo a ser transmitido; é necessário o desenvolvimento de habilidades no atendimento ao seu cliente, o turista/visitante – e isso inclui, sem dúvida, o conhecimento de língua(s) estrangeira(s) – assim como de elementos humanos, como conduta pessoal, cortesia e simpatia. Ainda, faz-se necessário um envolvimento real do monitor com o seu trabalho: somente dessa forma ele será capaz de envolver o turista/visitante. Alguma habilidade como “contador de histórias” é desejável, já que isto torna o conteúdo mais interessante e prende a atenção do ouvinte.
É proposto também que o monitor seja identificado como tal, por meio de uniforme (camiseta, cujo modelo em desenho se encontra anexado a este trabalho), para distingui-lo das demais pessoas do grupo.

3. O grupo de visitantes
Nada foi alterado com relação ao grupo: permanece o parâmetro de no máximo quarenta pessoas inscritas previamente, para que o monitor possa ter um controle maior, sem que haja dispersão e de forma que todos possam ouvi-lo. Grupos escolares inscritos (que são público freqüente da visita em épocas de baixa temporada turística na cidade) irão também acompanhados pelos professores responsáveis. Portadores de deficiência física (cadeirantes) também podem participar da visita monitorada, pois o Theatro conta com sistema de elevadores, porém recomenda-se que sejam acompanhados por alguém que os auxilie na travessia da praça Ramos de Azevedo até o Municipal.

4. Os ambientes
Visto que muitos ambientes do Theatro ficam restritos somente aos funcionários internos e membros dos corpos estáveis para estudos e ensaios, não foi possível inserir uma variedade de novos espaços na visita reformulada. No entanto, a ordem de visitação foi alterada, e foi possível incluir uma passagem pelos assentos da galeria e pelo Museu do Theatro Municipal. A cozinha foi retirada do roteiro, por se tratar de um espaço descaracterizado: foi completamente remodelada durante a segunda reforma.

5.Agendamento e horários
O sistema de agendamento prévio permanece o mesmo, pelo telefone do escritório do Theatro. Atualmente só é necessário o nome completo para tanto, porém outros dados – como profissão, endereço de e-mail e lugar de origem – são pedidos durante a visita. Propõe-se então que estes sejam coletados no momento do agendamento, para que não haja a necessidade de o turista/visitante preenchê-los numa planilha enquanto a visita ocorre.

Embora não sejam os mais adequados, os horários, como são estipulados pela diretoria artística do Municipal em decorrência dos constantes ensaios em andamento, permanecem os mesmos: de terças a quintas-feiras, às 13h, e aos sábados, às 9h e às 13h.

6. O roteiro
Segue então o roteiro da visita reformulada, com duração de aproximadamente uma hora (a ser controlada pelo monitor). Será descrita em detalhes, na ordem dos ambientes visitados e da informação a ser passada em cada um deles.

a. Encontro do grupo na fonte da praça Ramos de Azevedo: O ponto de encontro será informado no momento do agendamento da visita. O monitor, identificado, já estará lá no horário, reunirá o grupo e fará a checagem dos nomes, assim como dará as recomendações necessárias (duração da visita, permissão para fotografar, pedido de que o grupo não se disperse). Serão distribuídos os folders, de acordo com o número de pessoas no grupo.

b. Museu do Theatro Municipal: O MTM, dispondo de painéis com fotos de diversas épocas e o histórico do Theatro desde a sua construção, torna-se o espaço adequado para que essa parte do conteúdo seja explanada de forma breve, porém objetiva e ilustrada. Estes painéis são um recurso visual que auxilia o monitor e prende a atenção do turista/visitante, sem que as informações “sobrecarreguem-no”: ao contrário, as tornam mais fáceis de serem absorvidas. Esta é uma forma também de tornar o MTM conhecido do público.
Deste ponto, o monitor guiará o grupo pelas escadarias da praça Ramos de Azevedo até a entrada da lateral esquerda do Theatro, em direção ao Salão dos Arcos.

c. Salão dos Arcos: O salão subterrâneo, considerado o espaço mais novo do Municipal, será aproveitado para a explanação sobre as duas grandes reformas pelas quais o Theatro passou. Curiosidades e “lendas” do Theatro também poderão ser contadas aqui, pois o ambiente tem a atmosfera necessária para tanto: nesse sentido, uma simples alteração na iluminação poderia melhorar ainda mais essa atmosfera.
Partindo desse ponto pelas escadarias laterais internas, o grupo seguirá para o térreo, onde entrará no Salão do Bar.

d. Salão do Bar: O salão é um exemplo claro do que pode acontecer a um patrimônio quando não há um trabalho de conscientização do indivíduo para a preservação. Portanto, uma passagem rápida pelo mesmo é importante para atentar o grupo para esta questão. Neste ponto é crucial a postura do monitor, para que seja enfatizada a importância do trabalho de restauro e preservação, e para instigar no turista/visitante este sentimento.
Sendo este o espaço que abriga a escultura de Vítor Brecheret, “A caçadora”, o monitor terá a oportunidade de brevemente falar da Semana de Arte Moderna de 1922, que é um dos eventos mais marcantes que ocorreram no Municipal.
Voltando às escadas laterais, o grupo subirá ao terceiro andar, para a galeria.

e. Galeria: Do terceiro andar do edifício, ao entrar na galeria, pode-se ter uma visão completa – e impactante, especialmente para aqueles que nunca estiveram no Municipal – da platéia, do fosso da orquestra e do palco. Se houver músicos trabalhando no ambiente, pode-se vê-los sem interferir nos ensaios, o que é uma experiência diferente para o turista/visitante. É possível também perceber os detalhes do lustre belga, da pintura do teto de Oscar Pereira da Silva e dos adornos dos balcões, portanto, este espaço será utilizado para falar da arquitetura e da decoração do Theatro.
Saindo da galeria, o grupo descerá pelas escadas laterais para o primeiro andar, por onde entrará no Salão Nobre.

f. Salão Nobre: Sendo este um espaço social no Municipal para eventos e coquetéis, torna-se ideal para que o monitor fale das personalidades que já passaram pelo Theatro, assim como de sua importância no cenário cultural de São Paulo desde a sua inauguração.
Saindo do salão, o monitor guia o grupo pela escadaria principal até o térreo, para que a última visão seja a do hall principal, fechando assim o roteiro com uma imagem impactante do Theatro Municipal de São Paulo.

Para continuar a leitura, .
 
1 Bacharel em turismo pela Universidade Cidade de São Paulo – UNICID. mariana.cuencas@yahoo.com.br

2 MINISTÉRIO DO TURISMO. Segmentação do turismo: marcos conceituais. [s. l.]: [s. n.], [entre 2003 e 2006].

3 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
[19--], p. 409.

4 CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. Tradução de Luciano Vieira Machado. São Paulo: Estação Liberdade: UNESP, 2001, p. 11.

5 ANDRADE, A. L. D. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Disponível em: . Acesso em: 17 set. 2006.

6 ANDRADE, A. L. D. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Disponível em: . Acesso em: 17 set. 2006.

7 FUNARI, Pedro Paulo; PINSKY, Jaime (Org.). Turismo e patrimônio cultural. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Contexto, 2003, p. 17. (Turismo Contexto).

8 CHOAY, Françoise. A alegoria do patrimônio. Tradução de Luciano Vieira Machado. São Paulo: Estação Liberdade: UNESP, 2001, p. 90.

9 MENEZES, R. Como nasceu o teatro em São Paulo. Disponível em: . Acesso em: 22 ago. 2006.

10 MENEZES, R. Como nasceu o teatro em São Paulo. Disponível em: . Acesso em: 22 ago. 2006.

11 O surgimento do TBC (Teatro Brasileiro de Comédia) em 1948 é considerado por críticos de arte e historiadores como um divisor de águas do teatro brasileiro, pois estabeleceu um novo conceito de profissionalismo na atividade, diferente e mais moderno do que aquele que vinha sendo feito no teatro dos filodramáticos.

12 MENEZES, R. Como nasceu o teatro em São Paulo. Disponível em: . Acesso em: 22 ago. 2006.

13 Art nouveau: estilo estético do final do século XIX que teve início na Bélgica, mas que se espalhou por toda a Europa e, posteriormente, no mundo todo. Pode ser visto essencialmente no design e na arquitetura da época, com a exploração de materiais como o ferro e o vidro, e é caracterizado pelas formas orgânicas e rebuscadas e o escapismo para a natureza.

14 SÃO PAULO 450 ANOS. Teatro Municipal (1911). Disponível em: . Acesso em: 17 set. 2006.

15 BRANDÃO, Ignácio de Loyola. Teatro Municipal de São Paulo: grandes momentos. São Paulo: DBA Artes Gráficas, 1993, p. 27.

16 THEATRO MUNICIPAL DE SÃO PAULO. La Gioconda, de A. Ponchielli. São Paulo: [s.n.], 2006. Programa.

17 DRUMMOND, Siobhan; YEOMAN, Ian (Org.). Questões de qualidade nas atrações de visitação a patrimônio. Tradução de Helio Hintze e Ana Cristina Freitas. São Paulo: Roca, 2004, p. 121-122.

18 DRUMMOND, Siobhan; YEOMAN, Ian (Org.). Questões de qualidade nas atrações de visitação a patrimônio. Tradução de Helio Hintze e Ana Cristina Freitas. São Paulo: Roca, 2004, p. 126.

19 DRUMMOND, Siobhan; YEOMAN, Ian (Org.). Questões de qualidade nas atrações de visitação a patrimônio. Tradução de Helio Hintze e Ana Cristina Freitas. São Paulo: Roca, 2004, p. 130.