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Belo Horizonte/MG: Pesquisa desvenda autor de obra sacra na Grande BH
Gustavo Werneck. Estado de Minas. Portal UAI
dezembro/2005
 
Depois da identificação, este ano, de duas imagens atribuídas a Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730-1814), e de um altar esculpido pelo português Francisco Vieira Servas (1720-1811), mais uma descoberta valoriza o patrimônio cultural mineiro. Ao contrário do que se acreditava até então, o conjunto de retábulos da Capela de Nossa Senhora do Pilar do Hospício da Terra Santa, em Sabará, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, também tem autoria de Servas, e não de um artista influenciado por Aleijadinho. A conclusão é do restaurador José Efigênio Pinto Coelho, de Ouro Preto, que fez estudos no local e já registrou o resultado de sua pesquisa em cartório. Com mais de 30 anos de experiência profissional, ele atua como expertise – especialista que pode atestar a veracidade e periciar obras de arte.

“A porta do sacrário, no altar-mor, com o coração em chamas, sob a cruz ladeada por uma espada e um ramo de lírio em flor, é assinatura de Servas, considerado um dos mais importantes artistas do período colonial brasileiro. Outras características estão no retábulo com as colunas externas, quartelões internos onde aparecem as cabeças de anjos e elementos fitomorfos”, afirma José Efigênio a respeito da igreja do século 18, localizada atrás do Museu do Ouro e tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), desde 1957.

As demais obras identificadas por José Efigênio, este ano, são as imagens de São Francisco Sales, em novembro, e de São José de Botas, em agosto, e o altar da igreja de São Sebastião, no distrito de Bandeirantes ou Ribeirão do Carmo, em Mariana, a 115 quilômetros da capital. Neste último, em junho, o restaurador trabalhou em parceria com Vinícios Vieira de Godoy. Até a descoberta, não havia qualquer referência em estudos sobre o escultor.

Há mais detalhes importantes para se creditar a Servas a autoria do altar. “Entre as colunas, temos os nichos encimados por coifas. No trono, as folhas de palmeiras se repetem, como em toda sua obra. Coroando o altar, vemos outra assinatura, que é a tarja com suas volutas (ornatos enrolados em forma de espiral) discrepantes”, explica, lamentando que algumas peças tenham sido furtadas.

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