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Instituto Estrada Real
Mauricio Campos Wanderley Reis. Instituto Estrada Real
janeiro/2006
 
A Estrada Real


Há que se planejar o turismo com a atenção voltada para a realidade dos fatos, ainda que seja meta a superação dos limites por ela impostos. Se, por um lado, constatamos o crescimento em quase 60% no movimento de turistas internacionais e de viagens internas nos últimos dois anos e vivamos a expectativa do crescimento em 25% no movimento turístico no Brasil nos próximos cinco anos, por outro lado, não podemos desconsiderar que, para atingir tal meta, é necessário preparar a infra-estrutura receptiva turística.

Nesse contexto, o Instituto Estrada Real, responsável pelo levantamento junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) de US$ 3,4 milhões para a criação de uma rede da cadeia produtiva do turismo, firma-se como fator determinante no incentivo e promoção do turismo em 177 municípios dos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo e no encurtamento da distância entre a potencialidade turística do Estado de Minas Gerais e a sua exploração como negócio organizado.

É preciso ter em mente também que a Estrada Real (termo encontrado para a primeira metade dos setecentos e presente na documentação dos Annais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, volume 46, 1924) é, antes de mais nada, um programa turístico com área determinada de atuação, que engloba parte dos caminhos por onde escoaram o ouro e os diamantes retirados das terras mineiras e transitaram o gado e escravos introduzidos nas Minas Gerais.

Impossível seria abarcar todas as rotas que desde o inicio do século XVII começaram a ser traçadas em direção aos sertões mineiros. Seria uma temeridade tentar incluir outros 1.500 quilômetros de rotas rumo à outrora designada Cidade da Bahia, hoje Salvador, aos 1.400 quilômetros contemplados, que no passado partiam dos portos de Paraty e do Rio de Janeiro, passando por Vila Rica, para atingir o arraial do Tijuco, hoje Diamantina.

Convém lembrar ainda, como destaca o historiador e professor da Universidade Federal de Minas Gerais, Friedrich Ewald Renger, que o conceito Estrada Real é de natureza tributária e fiscal. Diz respeito àqueles percursos que, abertos por índios e bandeirantes, foram utilizados pela Fazenda Real, a partir de 1718, para a instalação de postos de cobrança dos “Direitos de Entrada”, que incidiam sobre a circulação de produtos, de pessoas, do gado e escravos que chegavam ao solo mineiro, embriões dos atualmente conhecidos postos fiscais rodoviários e do moderno imposto sobre a circulação de mercadorias e serviços.

Ainda que possa estar no desejo de municípios instalados nas proximidades destas rotas históricas se verem incluídos no programa implantado, o Instituto Estrada Real, a Universidade Federal de Minas Gerais e o Departamento de Estradas de Rodagem, após estudos realizados, optaram por aqueles caminhos que, respeitando o conceito histórico e geográfico, apresentassem viabilidade para a atração de turistas e propiciassem a instalação de infra-estrutura turística. Há que se considerar ainda que, infelizmente, alguns trechos da Estrada Real foram engolidos pela expansão urbana ou não oferecem segurança aos turistas. Assim sendo, a demarcação tem buscado aproximar-se ao máximo dos caminhos originais.

Apesar da delimitação de sua área de atuação e de sua efetiva implantação, a Estrada Real não é um programa rígido, acabado. Atualmente, o Caminho de Sabarabuçu, assim intitulado numa referência à lenda indígena que despertou a cobiça dos bandeirantes por ouro e pedras preciosas, encontra-se em fase final de demarcação, em traçado cuja definição contou com a participação de representantes das prefeituras da região e das comunidades locais.

Extensão do Caminho Velho, esta alça que ligava a antiga Vila Rica, hoje Ouro Preto, a Sabará e Caeté, levará os turistas pelos 180 quilômetros que unem Glaura (antiga Casa Branca), Acuruí (Rio das Pedras), Rio Acima (Santo Antônio do Rio Acima), Honório Bicalho, Raposos, Sabará (Vila Real do Sabará), Morro Vermelho e Caeté (Vila Nova da Rainha). O Caminho do Sabarabuçu já foi palco de uma caminhada patrocinada pelo Instituto Estrada Real, em 2002.

Este trajeto, conforme relatos do jesuíta André João Antonil, contempla o início do Caminho da Bahia através do Rio das Velhas, que, por motivos de natureza técnica, não se encontra momentaneamente incluído no programa turístico Estrada Real, mas que em nenhum momento foi ignorado pelo Instituto Estrada Real enquanto realidade histórica.

Ainda que não esteja plenamente efetivado em todos os 177 municípios, o que não foge a seu cronograma de instalação, o programa turístico Estrada Real já ultrapassou, na curta existência de seis anos, a condição de um conceito, deixou de ser algo que guarda intimidade apenas com os sonhos de seus idealizadores, para tornar-se peça fundamental no incentivo ao desenvolvimento econômico e social sustentado, à diminuição das desigualdades regionais, à geração de emprego e renda e à preservação dos patrimônios históricos, culturais, artísticos e ecológicos.

Ninguém, em sã consciência, pode desconsiderar o potencial da Estrada Real no incentivo ao turismo cultural, religioso, histórico, gastronômico, rural, ao ecoturismo e ao turismo de aventura em seu entorno, nem desconhecer a sua contribuição na implantação ou ampliação de atividades empresariais e na melhoria da qualidade de vida de seus agentes nos 177 municípios sob sua área de atuação.

Dados aferidos pelo Instituto Estrada Real ratificam a expressiva ampliação do movimento de turistas nos municípios integrantes da área de influência. Ouro Preto, por exemplo, registra um aumento médio de 20% no fluxo turístico. Diamantina contabiliza 15% a mais de visitantes. No entorno da Serra do Cipó, os meios de hospedagem ampliaram a sua capacidade para 1.100 leitos. Em Paraty, na localidade da Penha, o produtor rural Norival se viu obrigado, pelos seus cálculos, a triplicar a produção da cachaça Engenho D’ouro, em decorrência do crescente afluxo de turistas franceses, ingleses e brasileiros ao local provocado pela instalação de um marco da Estrada Real, em 25 de julho de 2003.

O Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG) também liberou R$ 3,9 milhões para investimentos, através do Fundese Estrada Real. A sinalização das rodovias de acesso aos municípios da Estrada Real já está sendo implantada, como se vê nas regiões dos Circuitos Vilas e Fazendas, do Ouro e da Serra do Cipó. O Projeto de Produção Associada ao Turismo atende a 30 estabelecimentos, oito associações de artesãos e já treinou 600 pessoas, possibilitando destacar os "modos de fazer" produtos típicos, como a cachaça de alambique, os queijos especiais, as gemas e jóias e o artesanato.

Maior programa turístico da história do Brasil, a Estrada Real contribui decisivamente para o cumprimento das metas turísticas quantitativas estabelecidas para o País, que estimam em 65 milhões os desembarques internos e em nove milhões o total de desembarques de turistas estrangeiros por ano, com a conseqüente geração de 1,2 milhão de novos postos de trabalho, diretos e indiretos.

Para tanto, o Instituto Estrada Real em convênios firmados com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Estado de Minas Gerais (Sebrae/MG), o Serviço Social da Indústria (Sesi) e o Instituto de Hospitalidade vem atuando na certificação profissional nas áreas de gerenciamento, serviços, informação e promoção, com a meta de aplicação de provas a 1.800 pessoas. Através do Projeto de Capacitação do Agente Público, o Instituto Estrada Real e a Escola do Legislativo, com o apoio do Banco do Brasil, promoveram seminários para agentes públicos, que contaram com a participação de prefeitos, secretários municipais e vereadores, totalizando 300 agentes públicos de 60 municípios.

Neste caminho de desafios, a participação de órgãos públicos, privados, terceiro setor, comunidades, universidades e de todos aqueles que se interessam pelo desenvolvimento de Minas Gerais é essencial, seja criticando ou apontando novos rumos. A Estrada Real é um patrimônio de todos.




Estrada Real: resumo


O projeto Estrada Real é o maior programa turístico em desenvolvimento no País. Implantado em 177 municípios de Minas Gerais (162 municípios), Rio de Janeiro (sete) e São Paulo (oito), o projeto Estrada Real é hoje peça fundamental no incentivo ao desenvolvimento econômico e social sustentado, à diminuição das desigualdades regionais, à geração de emprego e renda e à preservação dos patrimônios históricos, culturais, artísticos e ecológicos. É um projeto de desenvolvimento dos municípios, via o incentivo ao turismo cultural, religioso, histórico, gastronômico e rural, ao ecoturismo e ao turismo de aventura em seu entorno. O turismo atualmente não é mais visto como apenas hospitalidade, recreação, diversão e transporte. A atividade é responsável pelo desenvolvimento de mais de 50 outras atividades econômicas, que vão da indústria de laticínios e bebida, passando pelo setor de jóias e gemas, até a construção civil pesada.

Dados aferidos pelo Instituto Estrada Real ratificam a expressiva ampliação do movimento de turistas nos municípios integrantes do circuito. Ouro Preto, por exemplo, registra um aumento médio de 20% no fluxo turístico. Diamantina contabiliza 15% a mais de visitantes. No entorno da Serra do Cipó, os meios de hospedagem ampliaram a sua capacidade para 1.100 leitos. Em Paraty, na localidade da Penha, o produtor rural Norival se viu obrigado, pelos seus cálculos, a triplicar a produção da cachaça Engenho D’ouro, em decorrência do crescente afluxo de turistas franceses, ingleses e brasileiros ao local provocado pela instalação de um marco da Estrada Real, em 25 de julho de 2003.

A Estrada Real contribui decisivamente para o cumprimento das metas turísticas quantitativas estabelecidas para o País, que estimam em 65 milhões os desembarques internos e em nove milhões o total de desembarques de turistas estrangeiros por ano, com a conseqüente geração de 1,2 milhão de novos postos de trabalho diretos e indiretos.

Nos 177 municípios, até 2007, pretende-se atingir a meta de cinco turistas por dia por cada um dos 1.400 quilômetros da Estrada Real, totalizando 2,5 milhões de turistas por ano e gerando 180 mil novos postos de trabalho. Para tanto, em 2004, 800 mil pessoas tiveram contato direto com o projeto estrada real, através de fóruns, seminários, palestras e feiras promovidos pelo Instituto Estrada Real. Em 2005, até setembro, este número já havia atingido 700 mil.



Estrada Real: definição


O programa de desenvolvimento da Estrada Real, via turismo, foi criado pela Federação das Indústrias de Minas Gerais, em outubro de 1999, com o objetivo de induzir e fomentar o produto turístico Estrada Real. Abrangendo 177 municípios em Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro e construído em parceria com instituições e entidades públicas e privadas, o programa, gerenciado pelo Instituto Estrada Real, é hoje o maior projeto turístico em desenvolvimento no País.