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Os Santos do Pau Oco de Itanhaém
Mônica Yamagawa
agosto/2004
 
Ao final do século XVII, a descoberta de ouro e pedras preciosas atraiu um grande número de pessoas para a região da atual Minas Gerais. Paulistas seguindo os rastros de Fernão Dias Paes; habitantes da região de Salvador, cruzando o sertão do São Francisco e, muitos atravessando o Atlântico, oriundos de Portugal, atiraram-se em uma região despreparada para recebê-los em busca de jazidas e promessas de fortuna. Em menos de meio século, a população mineira ultrapassou os 600 mil habitantes1. A extração do minério brasileiro, em sua maioria de aluvião, decaiu já no século seguinte. As deficiências de recursos e conhecimentos técnicos, tornavam altos os custos de extração e a pequena quantidade de ouro encontrada não justificava tais investimentos. A decadência também atingiu o mercado de pedras preciosas, este devido à queda de valor e ao aumento de oferta.

Porém, a “corrida do ouro” não passou despercebida na Corte Portuguesa. Descoberta a mina ou jazida, a autoridade local estudava o terreno e dividia-o em “datas”. Ao descobridor, cabia apenas o direito de ser o primeiro a escolher qual delas pretendia explorar; a segunda era escolhida pela Fazenda Real (que posteriormente a vendia) e as restantes, eram destinadas ao leilão, tendo preferência àqueles que possuíssem um maior número de escravos (mão de obra para exploração).

Além da venda da data que lhe era de direito, ao rei cabia a quinta parte de todo o ouro encontrado. Mesmo com a existência das Casas de Fundição, não era tarefa fácil fazer tal cobrança, pois os mineradores encontravam várias maneiras para esconder o minério e vendê-lo sem entregar a “parte do rei”. Uma das “estratégias” para burlar a fiscalização eram os “santos do pau oco”.
As imagens religiosas (de porte médio), ocas e com abertura nas costas, tinham por finalidade, devido à leveza, facilitar o transporte durante as procissões e servir de recipientes para o contrabando. Quatro exemplos dessas santas ferramentas de contravenção, podem ser encontradas no Convento de Nossa Senhora da Conceição, em Itanhaém, porém, para frustração do visitante, o seu “close” mais interessante só é possível ver através de cartões-postais disponíveis para venda no local. Em alguns casos, as imagens podem falar mais alto do que palavras. Abaixo, a fotografia da atual exposição de Santa Isabel, São Francisco, Santa Clara e São Domingos e os postais mencionados:






 
1CALDEIRA, Jorge e Outros. Viagem pela História do Brasil. 2ª. Edição. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p. 76.