Só o tombamento não tem sido suficiente para coibir a destruição de prédios históricos. O Bird liberou uma linha de crédito para reformas, mas poucos proprietários se inscreveram.
Quem se arriscar num passeio pelo Centro Histórico de Belém vai encontrar verdadeiros tesouros sendo dilapidados. São os casarões antigos, testemunhas de uma Belém que ainda alimenta saudades e muita curiosidade. Os vilões são o tempo, o descaso e, principalmente, a falta de uso desses espaços que, abandonados, acabam perdendo a imponência do passado e virando ruínas. Veja o exemplo do casarão que fica na rua Gaspar Viana. Alvo de um incêndio, o que era um belíssimo exemplar do casario antigo de Belém não passa de paredes que ameaçam ruir. Tornou-se depósito de lixo, mas ainda exibe, para os mais atentos, a beleza dos azulejos decorados.
Uma das principais formas de preservar essas jóias arquitetônicas é o tombamento, palavra que é um verdadeiro pesadelo para alguns proprietários. 'Ainda existe um pouco da mentalidade de que o imóvel tombado não poderá sofrer qualquer alteração e que, por isso, vai sofrer desvalorização. É um equívoco. O tombamento é apenas uma forma de salvaguardar o patrimônio, mas isso não impede que o imóvel seja adaptado para ter funcionalidade, desde, é claro, que não perca suas características', diz a diretora do Departamento de Patrimônio Histórico da Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel).
Em Belém, não faltam imóveis tombados. Alguns são considerados de importância para o patrimônio do País e, por isso, fazem parte do acervo de tombamentos do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Outros chamaram a atenção do Estado e foram tombados pelo Departamento de Patrimônio, Histórico e Cultural do Estado (Dphac) e há ainda os imóveis que estão dentro da área tombada por lei municipal, que transformou, por exemplo, todo o bairro da Campina e parte da Cidade Velha em patrimônio do município. 'É uma ação preventiva', diz a diretora do Departamento de Patrimônio Histórico da Fundação Cultural do Município de Belém (Fumbel). Há ainda casos em que o imóvel é tão importante que está protegido pelas três esferas de governo, caso, por exemplo, do Theatro da Paz (veja quadro). Controle - De acordo com a lei, o tombamento significa que o Poder Público passará a ter maior controle sobre os imóveis. O status atinge não apenas o imóvel registrado no órgão oficial como todos os que ficam no seu entorno. 'Nesses casos, caracterizamos a construção como de interesse à preservação e ela também precisa ser submetida a controle do Poder Público', explica Aline Meira, diretora do Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural do Estado do Pará (Dphac).
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Descaso e abandono ameaçam casarões