Leia mais
Delmiro Gouveia/AL: Angiquinho agora é patrimônio de Alagoas
Museu turco recebe obras de Picasso
Miranda/MS: MS conclui tombamento de prédios históricos em Miranda
Santos/SP garante suporte técnico para Baixada na área de arquivologia
Brasília/DF: Obras no Alvorada estão quase no fim
Painel
Painel

 
Rio de Janeiro/RJ: A casa que Machado amava e Drummond odiava
Wanderley Araújo. O Movimento
fevereiro/2006
 
O mais novo romance de Jô Soares - Assassinatos na Academia Brasileira de Letras – em que um vingativo poeta preterido em seu sonho de se tornar imortal se finge de garçom e põe veneno no chá servido aos velhinhos, matando todos os membros da ABL, provoca um olhar de curiosidade sobre o Petit Trianon, o majestoso prédio onde funciona a sede dos acadêmicos, na Avenida Presidente Wilson, 203, bairro Castelo, Rio de Janeiro. O Trianon, que se propõe um pedaço de céu onde os homens de fardão se imortalizam por intermédio de suas obras, lembra aquela passagem no inferno de Dante em que o autor entra no Trivium e no Quadrivium, castelos da ciência humana, cercado das sete muralhas escolásticas. Dante encontra ali um refresco dentro do próprio inferno; o fogo arde mais brando e o ambiente é iluminado pela alma de ilustres poetas, como Homero. A ABL parece isso. Um oásis na selva de pedra carioca, um pedaço do céu na dureza da vida como ela é.

A sede da ABL foi presente da França, que doou, em 1923, a réplica do Petit Trianon de Versailles - construída no ano anterior para abrigar o pavilhão da França na Exposição do Centenário da Independência do Brasil. É lá que os acadêmicos se reúnem no tradicional Chá das Cinco das quintas-feiras e em sessões solenes, comemorativas e de posse de novos membros da ABL. Uma reverência ao maior dos escritores, Machado de Assis, fundador da ABL, é vista com destaque logo no jardim de entrada do palácio. Trabalhada em bronze pelo artista plástico Humberto Cozzo, a reluzente escultura dá o tom de nobreza ao espaço cultural visitado por curiosos do Brasil e do mundo que vão conhecer a sede da Academia ou fazer pesquisas sobre literatura brasileira. É como se os imortais e o público em geral tomassem bênção a Machado toda vez que avistam a estátua antes de entrar no palácio.

O bom gosto na decoração da casa dos imortais pode se visto por toda parte, a começar pelo saguão, com piso em mármore, lustre de cristal francês e porcelanas de Sèvres. O ambiente é impregnado de história de nossa literatura. No térreo há um espaço muito charmoso, a Sala dos Grandes Poetas. Ali estão homenagens aos homens da pena ícones do romantismo como Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Castro Alves, Fagundes Varela e Gonçalves Dias, imortalizados em bustos de bronze. Machado de Assis é um mundo à parte e tem um salão só dele. Dá a impressão de que os fantasmas de Bentinho e Capitu estão por todo canto a observar o encontro do público com a alma do genial escritor. Organizado pelo Acadêmico Josué Montello, o espaço destaca objetos pessoais de Machado - livros de sua biblioteca, a escrivaninha onde trabalhava e o belo retrato a óleo de autoria de Rodolfo Bernardelli.

Para ler o artigo na íntegra, clique: