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Natal/RN: Casarão segue perdendo a identidade
Diário de Natal: Cidades
abril/2006
 
Construído entre 1910 e 1912 - com teto de zinco vindo da Suíça e o piso importado de Riga, capital da Letônia -, o casarão do médico e ex-deputado Afonso Moreira de Loyola Barata, o Doutor Barata, há décadas é vítima do abandono e do desinteresse por parte do poder público no que diz respeito à sua restauração. Em 2000, época em que o Tribunal de Justiça pretendia demoli-lo para, em seu lugar, fazer um estacionamento, pesquisadores e estudantes de arquitetura, assim como instituições voltadas para a preservação do patrimônio histórico da cidade, protestaram contra o projeto do judiciário.

A mobilização teve como conseqüência a assinatura de um termo de compromisso entre o governo do estado e o TJ, no qual determinava que a obra de recuperação do prédio ficaria a cargo da Fundação José Augusto. Seis anos se passaram e, após contato com o coordenador de obras da FJA, Sérgio Wiclife, a informação é de que, pelo menos até o final de 2006, nada será feito no casarão. A casa onde outrora funcionou o Hotel Majestic, e que até hoje consiste num dos poucos registros da arquitetura mourisca em Natal, não está entre as 27 casas de cultura do estado que a fundação espera estar construindo este ano. O projeto de transformá-lo no Memorial do Poder Judiciário, por sua vez, não saiu do papel.

O prédio fica na esquina das ruas Ulisses Caldas e D. Pedro I. Ali, no local onde foram erguidas as primeiras casas da cidade - no início do século XVII -, foi também residência de Alice China Barata (filha de Afonso de Loyola Barata) até os idos da década de 1960, pouco antes de virar Hotel Majestic. Ainda resistem a depredação parte da fachada e a escada que dava para a grande sala. Porém, o cenário para os que passam em frente ao casarão é desolador. O abandono, de acordo com comerciantes da redondeza que preferiram não se identificar, transformou-o em ponto de consumo de drogas e banheiro público.

O Poti esteve visitando, no meio da semana, o prêdio que foi tombado pelo Patrimônio Histórico do estado e pôde ver garrafas de cerveja, tênis velhos, latas de tinta queimadas. Quando o sol baixa, os vândalos costumam usar o casarão como dormitório. Os populares que o fazem de cortiço quebraram os tapumes e vários pedaços do muro.

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