Mario de Miranda Quintana nasceu no dia 30 de julho de 1906, na cidade de Alegrete, na fronteira oeste do estado, tendo como testemunha o inverno gaúcho e o Minuano, um vento gelado que tem origem na Patagônia. Os termômetros marcavam um grau abaixo de zero.
O pai, Celso Quintana, dono de uma farmácia, queria vê-lo doutor, e não um poeta. Mas desde jovem, Quintana já mostrava o dom para as letras. Gostava de estudar Português, Francês (cujas primeiras noções aprendeu em casa com os pais) e História. Acostumou-se a ler Camões. Mas tinha pouca intimidade com os números. Estudou até a quarta série do ensino ginasial, no Colégio Militar, de Porto Alegre. Abandonou os estudos após repetir em Matemática.
Para não retornar a Alegrete, empregou-se como caixeiro na Livraria do Globo. Ao saber disso, o pai foi buscá-lo e o colocou para trabalhar na farmácia - um dado biográfico que partilha com outro escritor gaúcho, Erico Verissimo. Ficou lá até a morte do pai, em 1927. A mãe, Virginia, falecera um ano antes. Com 23 anos de idade, decide retornar para Porto Alegre, e vai trabalhar na redação do jornal "O Estado do Rio Grande". Começa o período da boemia.
Dois anos antes de completar 30 anos, começa a trabalhar como tradutor na editora Globo. Por suas mãos passaram obras de Proust, Balzac, Voltaire, Maupassant, Virginia Woolf, entre outros. Na chefia da equipe, Erico Verissimo, a quem Quintana se referia muitas vezes como Dona Minervina, pois era sempre o escritor a dar o veredicto quando a equipe ficava dividida na interpretação de uma expressão. Quintana era conhecido como Macaco Sábio.
No dia 25 de agosto de 1966, Quintana é saudado na Academia Brasileira de Letras por Augusto Meyer e Manuel Bandeira. Este último recita um poema de sua autoria em homenagem ao gaúcho. Depois de publicar poemas no jornal "Correio do Povo", de 1953 a 1967, Quintana retorna ao mesmo jornal em 1981, onde permanece até 1984.
Uma das primeiras homenagens públicas longe dos pampas aconteceu no ano de 1974, pouco antes de ele completar 60 anos de idade. Foi uma promoção do Sindicato de Jornalistas de São Paulo, dirigido à época por Audálio Dantas. O medo de avião quase o impediu de sair de casa. Aceitou viajar após receber a garantia de um amigo para ir junto.
Conviveu com a bebida e cigarro por quase toda vida. A bebida quase o levou muito jovem. Levou-o para o hospital, em pelo menos duas ocasiões. Na primeira internação teve ajuda dos amigos. Na segunda, na década de 50, foi por sua conta, apavorado, porque não conseguia mais escrever. Ao ouvir do médico que se continuasse assim nunca mais escreveria, largou o vício no mesmo instante. Manteve apenas o cigarro até completar 80 anos.
Desde que optou por viver em Porto Alegre, sempre morou em pensão ou hotéis. Passou boa parte de sua vida, de 1968 a 1980, no Hotel Majestic, na região central de Porto Alegre.
O edifício, tombado como Patrimônio Histórico do Rio Grande do Sul em 1982, no ano seguinte passou a ser denominado Casa de Cultura Mario Quintana.
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Um ilustre desconhecido