No bairro Benfica a fachada de alguns antigos casarões de chácara impressionam pela beleza e conservação, mas a presença do passado não encontra eco no interior das paredes. Na terceira matéria da série especial sobre o patrimônio edificado da cidade, o Vida & Arte percorre a avenida da Universidade, lembrando o tempo em que ali passavam o bonde e o gado.
Na Fortaleza da segunda metade do século XIX, as águas do Rio Pajeú não eram suficientes para abastecer a população que crescia e as cacimbas também não solucionavam de todo o problema. Foi quando um empreendedor brasileiro de sobrenome alemão trouxe do estrangeiro máquinas moderníssimas que cavavam poços profundos e faziam jorrar água da bica. A população pagava pela água que brotava no Sítio Bem Fica. A fama foi tanta na vizinhança de chácaras que aquele pedaço da cidade acabou batizado Benfica.
É por lá que prossegue a série de visitas do Vida & Arte a bairros e casarões históricos de Fortaleza. Na semana que passou, a Jacarecanga foi cenário do primeiro passeio. Dessa vez, o percurso foi a extensão e arredores da avenida da Universidade, antiga Visconde de Cauhype, lembrando o tempo em que ali passava o bonde e o gado. Para entender o que dizem as formas e linhas arquitetônicas dos imponentes casarões, Ricardo Paiva, mestre em arquitetura e urbanismo, foi guia na excursão.
Num bairro de fachadas ocas, as antigas residências, agora com novos usos, foram completamente modificadas em seu interior. Sobra pouca coisa além das estruturas externas. Uma parte do piso original, telhas importadas e as obras de arte da carpintaria da época, com escadarias ornamentadas e bandeiras enfeitando as portas. A leitura profissional é ainda mais valiosa porque moradores e usuários guardam pouca ou nenhuma lembrança da dinâmica da vida em outros tempos naquele território.
Especialmente nos espaços ocupados pela Universidade, o vínculo com o passado é frágil e a história afetiva das construções aparece pouco em conversas informais. É preciso pesquisar fora dali. Se o passeio físico não foi suficiente, a viagem ao passado fica completa com uma outra visita, essa puramente imaginária, via telefone, conduzida pelo professor José Liberal de Castro.
O ponto de partida é a Reitoria da Universidade Federal do Ceará, antiga mansão da família Gentil, referência maior no bairro. Dali, o trajeto segue pela Casa de Cultura Alemã, na esquina do lado esquerdo. Descendo em direção ao Centro, pára na casa em estilo art deco, entra no antigo grupo Escolar Rodolfo Teófilo, passa a vista nos lotes mais próximos do Centro, volta para espiar a Pracinha da Gentilândia e termina na Congregação das Irmãs Josefina, que ocupa um casarão histórico há nove anos.
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Memória de fachada