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São Paulo/SP: "Revitalização" da Vila Itororó - Moradores e moradoras são excluídos de projeto da prefeitura
Graziela Kunsch. CMI Brasil
abril/2006
 
Em matéria publicada na página da prefeitura de São Paulo em outubro de 2005, a Secretaria Municipal de Habitação (Sehab) afirmou que a Vila Itororó (Bela Vista) integraria o Programa de Recuperação de Cortiços. A área é tombada pelo patrimônio histórico e abriga um casarão, 42 casas pequenas e aproximadamente 70 famílias. A Sehab enfatizava que com o programa os moradores e as moradoras teriam "uma outra perspectiva de vida". Se considerarmos o projeto de "revitalização" da Vila Itororó, anunciado em janeiro deste ano, prevendo a desapropriação da área e a sua transformação em um "pólo cultural" formado por "bares, restaurantes e salas de cinema", de fato a vida dos moradores que estão no local há anos - alguns há 63 anos - deve mudar muito de perspectiva, mas para pior.

Apesar das declarações da Secretaria Municipal de Cultura, responsável pelo projeto, que dizia que os moradores da vila seriam transferidos para locais próximos, a Sehab, parceira no projeto, vem ignorando que essas pessoas construíram toda uma vida na região da Bela Vista e chega a oferecer como opção um "auxílio-moradia" de estranho nome, "vale-coxinha": um cheque de R$ 5 mil, sugerindo que as pessoas usem este dinheiro para "retornar à sua cidade de origem". Originária de Barretos, interior de São Paulo, a moradora Lourdes Morais, 72, na Vila Itororó há mais de 30 anos, resume bem o sentimento geral das pessoas ao seu redor: "Não quero dinheiro, dinheiro a gente gasta, eu quero moradia pra morar".

Lourdes pagou aluguel para a Fundação Augusto de Oliveira Camargo, que detém a propriedade da Vila Itororó, por mais de 20 anos, até 1997, ano em que a Fundação deixou de enviar boletos de cobrança aos moradores, o que pode ser caracterizado como abandono da vila por parte da proprietária.

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