Se as autoridades municipais não acordarem, logo a cidade de Rondonópolis acabará perdendo o que ainda resta dos seus já reduzidos patrimônios que simbolizam sua memória histórica; uns foram destruídos pelo descaso do poder público; outros, engolidos pela sanha do progresso a qualquer custo, e pelo inconsequente desejo de 'renovação visual' da cidade.
Já perdemos o antigo e primeiro prédio dos Correios, local de paradas e visitas de Rondon, destruído pela ação do tempo; e o primeiro cemitério da cidade, onde o prefeito Walter Ulysséa construiu a Praça da Saudade. A duras penas vem sendo preservado o primeiro prédio da Câmara Municipal, localizado na Praça Brasil. A Vila Moysés Cury, cuja primeira casa remonta ao ano de 1940, e as demais ao início da década de 60, teve, por sua vez, melhor sorte: recebeu considerável reforma na administração passada e acabou integrando um interessante projeto sócio-cultural que se tornou ponto turístico da cidade - o Cais do Rio Vermelho.
Temos, entretanto, outros patrimônios que se constituem em verdadeiros focos da memória histórica da cidade, em vias de extinção, como o prédio do primeiro cinema (Cine Meridional, grande marco de progresso do viçoso vilarejo, obra do primeiro gráfico e jornalista da cidade, Lauro Mello, em 1953), localizado na avenida Marechal Rondon, esquina com rua Afonso Pena, mais tarde transformado em Panificadora Pão Gostoso, prédio esse que já se encontra em periclitante estado de conservação; o Rondonópolis Atlético Clube, inaugurado em 26.11.1961, o primeiro clube social da cidade, laboratório de sonhos e felicidade de grande parte da população citadina, nas décadas de 70 e 80, atualmente também no mais precário estado de conservação; as Chaminés da Cerâmica São Pedro, primeiro marco da industrialização de Rondonópolis, em estado de abandono; e, para concluir, este que foi a motivação desta matéria - Hospital Samaritano, o primeiro nosocômio da cidade, sob risco de destruição. Aliás, abordei todos esses relevantes temas em minha recente obra História de Rondonópolis.
O Hospital Samaritano teve suas origens nas barrancas do rio Vermelho, mais precisamente no início da avenida Marechal Rondon, à beira do lendário Poguba, no ano de 1953, tendo como primeiros médicos Afélio Holler, Suail Haal e Francisco Filgueiras (os dois últimos ainda vivos: Suail em Goiânia, e Filgueiras em Mineiros), segundo os pioneiros Jacimiro Coelho e Benedito Nogueira.
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Um patrimônio histórico sob risco