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São Paulo/SP: Enclave de beleza: Em um degradado bairro de São Paulo, a Igreja Nossa Senhora da Paz sobrevive como um museu quase anônimo
Ana Paula Sousa. Carta Capital
abril/2006
 
Todo primeiro domingo do mês é assim. “Nel nome del Padre e del Figlio e dello Spirito Santo.” Beleza sobrevivente no degradado bairro do Glicério, região central de São Paulo, a Igreja Nossa Senhora da Paz ainda ouve o Pai-Nosso em italiano, sob o canto de vozes bem ensaiadas.

O “preghiamo” na língua dos fundadores do templo atrai centenas de pessoas há anos e anos. E é realmente especial. Mas não tão especial quanto a experiência de ali chegar num dia sem reza, no silêncio de uma tarde de sexta-feira chuvosa, por exemplo. Ninguém lá dentro. Só a arte.

Estátuas, altares, bancos e batistério criados pelo escultor Galileo Emendabili (1898-1974). Nas paredes, afrescos de Fulvio Pennacchi (1905-1992). Tudo sob a arquitetura de elegantes linhas verticais riscadas por Leopoldo Pettini. Em 1946, três anos depois da inauguração, o poeta Menotti Del Picchia escreveu no Diário Popular: “Minha sensação é de êxtase. Estou diante do mais belo templo de São Paulo”.

O amigo que o levou lá já o tinha prevenido: “Um paulista não pode desconhecer esse templo”. Pois, até hoje, muitos o desconhecem, apesar da torre em tijolinhos saltar aos olhos de quem quer que passe pelo viaduto sobre o Parque D. Pedro.

Nascida do desejo que os italianos tinham de orar na língua natal, a Igreja Nossa Senhora da Paz foi erguida num terreno de 1,5 mil metros quadrados, doado por Anita Pastore D’Angelo, uma conhecida benemérita dos padres vindos da Península.

“Não deixa de haver nisso uma ironia, já que nem todos os imigrantes falavam italiano, mas dialetos”, observa Bruno Giovanetti, autor do livro Arquitetura Italiana em São Paulo. “Mas o fato é que, em pouco tempo, o movimento pela construção de uma igreja italiana cresceu e foram chegando doações.”

Com o dinheiro vindo da Itália e de famílias já instaladas no Brasil, como os Crespi e os Matarazzo, o projeto foi levado a cabo pela Congregação de São Carlos, que tem por objetivo primeiro a atenção aos imigrantes. E são os carlistas – também chamados scalabrinistas, em referência ao fundador, João Batista Scalabrini – que até hoje cuidam da igreja. Em vez de italianos, atendem imigrantes latino-americanos e coreanos.

Na mesma sexta-feira em que a reportagem de CartaCapital entrou na igreja vazia, havia, do lado de fora, uma comprida fila de bolivianos que esperavam, da Pastoral do Imigrante, a regularização da permanência no Brasil. Eles tentam se beneficiar de um acordo recentemente assinado entre os dois países. Alguns receberiam também cama, comida e apoio psicológico.

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