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Museóloga alerta sobre descarte da memória contemporânea
Prefeitura Municipal de Santos
outubro/2005
 
A sociedade atual, marcada pela sucessão de tecnologias e pela rápida substituição de bens, perde parte de sua história ao descartar parcela da memória contemporânea. O alerta foi feito nessa terça-feira (4) pela museóloga Beatriz Augusta Cruz, do Departamento de Museus e Arquivos da Secretaria de Estado da Cultura, durante a Oficina Como Formar e Organizar um Museu Municipal, promovida pela Fundação Arquivo e Memória de Santos (Fams), dentro das comemorações alusivas aos seus 10 anos de atividades.

A programação, na Associação Comercial de Santos, contou com 124 participantes, de instituições públicas e particulares da região e do litoral. Um representante da presidência da Fams comemorou o interesse despertado pelo programa, com a abertura de mais 44 vagas. O fato faz Santos sair na frente mais uma vez, pois 2006 será o Ano Nacional do Museu.

O início das atividades teve ainda a presença de Edison Monteiro, diretor da Universidade Paulista (Unip). Ele anunciou a abertura de curso inédito de especialização em arquivologia e gestão documental, a partir de intermediação feita pela Fams, que identificou a existência de interesse por parte de profissionais inscritos no I Seminário Regional de Memória, promovido pela fundação no início de maio.

"Será um MBA (Master in Business Administration), cuja proposta já foi celebrada com a Universidade de São Paulo, visando especializar o profissional da área e atender às necessidades do mercado regional", afirmou.

Responsável pela assistência técnica aos museus do Interior, Beatriz Cruz comentou que "muita coisa da sociedade contemporânea está indo literalmente para o lixo. Dizer que se resgata a memória é um erro; se algo foi perdido, estará perdido para sempre". Em sua opinião, falar de museu é falar de memória, da identidade de um grupo, de um segmento ou de uma época.

HISTÓRIA DE UM POVO
De acordo com Beatriz Cruz, museu é uma instituição fascinante, não só por preservar a memória, mas sobretudo como possibilidade única de se ter contato tridimensional com peças que testemunharam a história. "Mas para ser preservada, a memória precisa ser transformada em patrimônio, ou seja, em um documento de identidade de um povo".

Para ela, é preciso qualificar o museu como atividade competente. Entretanto, lembrou que, por força de limitações impostas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico (Condephaat), o equipamento encontra-se atualmente em uma "camisa-de-força".

Isto porque, de acordo com a legislação, o patrimônio histórico tombado deverá ser utilizado preferencialmente para arquivos, museus e bibliotecas, quando muitas vezes esses espaços não são condizentes para exposição de acervos e recepção adequada da comunidade.

"Muitos museus encontram-se em locais improvisados e não integram um projeto bem estruturado, fazendo com que o público tenha uma imagem negativa do equipamento, onde tudo é chato, nada é permitido e o texto das etiquetas é incompreensível".

Exigente, a sociedade espera que os museus sejam instituições confiáveis, que de fato preservem coleções em nome da sociedade, estejam focados no público, incentivem as pessoas a explorar suas coleções, adquiram itens honesta e responsavelmente, salvaguardem o interesse público pelos acervos por longo prazo e reconheçam o interesse de pessoas que colaboraram ou doaram itens.

Nesse aspecto, Beatriz Cruz lembrou uma particularidade: por lei, os bens arqueológicos, paleontológicos e ferroviários pertencem à União e os particulares têm apenas a tutela dos itens.

FONTE: Website Oficial da Prefeitura Municipal de Santos. Notícias.