A três dias de completar 280 anos, Fortaleza é o centro da discussão na Universidade Federal Ceará (UFC). O Departamento de História promove o seminário Fortaleza 280 anos - Paisagens da Memória, que começa hoje em conferência do professor da Universidade de São Paulo Ulpiano Bezerra de Menezes. O evento pretende discutir a cidade em seus múltiplos aspectos, suas gentes e suas mudanças

Dia desses a historiadora Kênia Rios entrou num colégio no bairro Dionísio Torres e se deparou com um perfeito exemplar do que ela chama de "imagem clássica" da cidade. Havia um mural onde os dizeres "Fortaleza: a nossa cidade" se emolduravam por postais das praias, Praça do Ferreira, Estátua de Iracema, prédios da Beira-Mar e até de shopping center. O cenário serviu de reforço para uma problemática que a professora do Departamento de História da UFC define como a "cidade dos postais". Os moradores dos mais variados bairros habituam-se a criar, a partir de uma perspectiva da elite, imagens de uma cidade única, rica, vendável e harmônica. "Só que a cidade é conflituosa e se expande para outras perspectivas. A gente deve pensar a cidade para além dessas imagens já cristalizadas, porque estas não são as imagens da cidade que as pessoas habitam", diz. "Existem muitas cidades dentro do que a gente chama de Fortaleza", completa.

Esse ponto de vista plural e inclusivo deve permear as discussões do seminário Paisagens da Memória, em comemoração aos 280 anos de Fortaleza, que começa hoje às 9 horas da manhã no auditório da reitoria da UFC, na conferência "Os paradoxos da preservação", do professor da Universidade de São Paulo Dr. Ulpiano Bezerra de Menezes. A discussão de abertura gira em torno do embate entre os que querem preservar e os que destroem o patrimônio cultural das cidades. Promovido pelo Departamento de História, Núcleo de Documentação Cultural (Nudoc), Programa Especial de Treinamento (PET) e Museu de Arte da UFC (Mauc), o evento reúne palestras, oficinas, mini cursos, exposições e trilhas pela cidade. "Não é da nossa perspectiva apenas comemorar uma efeméride do dia 13. Achamos que simbolicamente é belo lembrar do aniversário, mas o que nós queremos é tentar estabelecer conectivos de discussão crítica e de afetividade dos moradores com a cidade", diz a coordenadora do Nudoc professora Adelaide Gonçalves.

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