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Fortaleza/CE: A ilusão do moderno
O Povo
janeiro/2006
 
Os professores de arquitetura Napoleão Ferreira, da Unifor, e Ricardo Bezerra, da UFC, apontam a falta de apego do povo às tradições locais e aliviam a responsabilidade do poder público sobre a preservação do patrimônio histórico de Fortaleza. Em consenso, eles identificam o crescimento desordenado como agravante do descaso à memória

A reflexão sobre a preservação do patrimônio histórico de Fortaleza resvala na praticidade. Praticidade de tempos de engarrafamento nas ruas, profusão de shopping centers e expediente corrido frente aos compromissos diários de emprego, casa e família. Adequar as tradições ao cotidiano de uma cidade em mudança constante parece complexo. Para o professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ceará (UFC), Ricardo Bezerra, a ocupação do solo fortalezense segue o modelo e a lógica do padrão norte-americano. "Não só em Fortaleza, como na maioria das grandes capitais brasileiras estão derrubando construções históricas para levantarem arranha-céu. Isso hoje é comum, bastante normal. E ainda tem muita gente correndo para não mexerem no antigo, mas é tarde. O Estado foi consolidado na ilusão da modernidade dos Estados Unidos, diferente da cultura européia", desabafa.

O professor do Curso de Arquitetura da Universidade de Fortaleza (Unifor), Napoleão Ferreira, reforça a idéia. "O patrimônio histórico de Fortaleza é mal cuidado por conta da cultura do crescimento. A memória coletiva se estabelece de forma recente", revela. Segundo Bezerra, problemas como a prostituição corroboram para a desvalorização. "No Maranhão, as prostitutas tomaram conta do Centro e a terra foi desvalorizada. A exemplo do que tem ocorrido com parte da nossa Praia de Iracema", pontua.

Para ele, correr atrás da preservação do patrimônio histórico, em muitos casos, revela um vício de (má) conduta da cultura brasileira: a falta de precaucação. Ele apresentou a idéia em cima das discussões de elaboração do livro Intervenções em Centros Urbanos - no qual publicou um artigo sobre a construção do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, na Praia de Iracema. "Boa parte do patrimônio que se conseguiu se preservar no Brasil foi movido por um processo de degradação anterior. Vamos seguindo os passos, meio que tardios, das cidades mais desenvolvidas pelo mundo", explica.

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