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Portugal: Bordar a tradição
João Pedro Oliveira. Diário de Notícias Online
julho/2006
 
Pode dizer-se que a tradição já não é o que era. Mas será talvez mais apropriado referir que a tradição é hoje o que nunca foi. Os bordados que se acham em todos os folhetos e montras que promovem Castelo de Vide não são costume antigo. Pelo menos à escala da história medieval que talhou esta terra alentejana. Mas também não é coisa de agora, pois a arte já leva memória suficiente para preencher vidas inteiras. A de Adelaide, por exemplo. Nos 62 anos de vida que ninguém lhe adivinha no rosto cabe meio século a apurar esta técnica de cruzar a riqueza do linho do Norte com uma destreza e vagar do Sul. Uma técnica única em que a autarquia descobriu um trunfo para jogar contra os efeitos da desertificação.

A agulha de Adelaide dá voltas de ourives junto à luz da varanda. Ao seu lado trabalha Maria Francisca, menos 14 anos, menos quarenta e tantos de ofício, a mesma discreta simpatia alentejana. São duas das quatro artesãs que a câmara emprega no Atelier de Bordados, há "mais ou menos 15 anos" instalada aqui na Rua Nova, fronteira da magnífica judiaria de Castelo de Vide. Esta casa de dois andares "faz parte de um esforço concertado para reanimar a vida económica e cultural desta terra ameaçada", dirá Carolino Tapadejo, quando daqui nada entrar nesta sala, vindo ao nosso encontro. Na verdade, explicará este ex-autarca, histórico e notável da vila, nunca houve quem vivesse disto." Mas "as mulheres da terra iam fazendo isto para enxovais de filhas", por gerações, apurando uma arte que nunca foi ofício de dar sustento. Até que alguém se lembrou que podia ser.

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