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Fortaleza/CE: Memórias desconstruídas
O Povo
março/2006
 
Deu no jornal. A especulação imobiliária tem engolido muitas casas construídas em meados do século XX. A tendência de verticalização da cidade pode custar caro à memória da urbanização dos bairros tidos como nobres em Fortaleza. Uma alternativa seria conjugar passado e futuro no presente.

Nos caminhos da cidade, destoando do resto, os casarões antigos nos falam de um outro tempo, quando os muros baixos deixavam ver os detalhes da fachada e o jardim. As construções erguem-se imponentes, se não pela arquitetura de épocas que já foram, pelo peso do passado, dos cômodos impregnados das vidas de gente comum. Marcos históricos que a cidade vê desaparecer numa velocidade espantosa.

No começo do ano, foi notícia de jornal. A Vila Alba, simpática casa de veraneio construída nos anos 20, tempo em que da rua Manuel Jacaré, no Meireles, ainda se podia avistar o mar, vai dar lugar a mais um edifício de apartamentos. Logo depois, outra manchete, o casarão na esquina da Rui Barbosa com Costa Barros, também no Meireles, desapareceu de um dia para o outro. Agora, na cratera aberta, vê-se uma estranha placa de aluga-se.

A lista de imóveis de valor histórico abduzidos do cenário da capital não pára de crescer. É difícil concorrer com a especulação imobiliária. Como se tratam majoritariamente de bens particulares, a preservação desse patrimônio é problemática. Sem um caráter coletivo a priori, é mais complicado definir o que vale o tombamento e o que pode ceder lugar a outra construção.

"A memória é essencialmente política, é objeto de disputa. Quem tem o direito de dizer o que deve ser esquecido e o que deve ser lembrado?", pergunta a doutora em sociologia Marinina Gruska. "No fim da década de 50, quando os barcos lagosteiros chegaram aqui e começaram a pescar aquilo que nem todos os barcos artesanais juntos eram capazes, a cidade se voltou para o mar", lembra a socióloga. "Uma das formas de fazer a população entrar na rota da pesca, importante para a economia local, foi plantar uma estátua da Iracema em plena Beira Mar. Foi uma maneira de determinar um marco, manipular as referências da cidade", explica.

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