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O OTL - PROGRAMA DE OCUPAÇÃO DE TEMPOS LIVRES DO INSTITUTO PORTUGUÊS DA JUVENTUDE
O OTL - Programa de Ocupação de Tempos Livres do Instituto Português da Juventude
 
Enquadramento

O Instituto Português da Juventude (IPJ) é o órgão da administração central do estado a quem compete executar as políticas públicas de juventude em Portugal definidas pelo Governo. Entre outras atribuições, o IPJ promove o Programa de Ocupação de Tempos Livres (OTL). É um Programa executado nos meses de verão, em Julho e Agosto. Participaram nos últimos três anos uma média de 20.500 participantes/ano em projetos de diferentes temáticas, entre as quais a Cultura e/ ou Patrimônio. Um texto de opinião de um participante de 18 anos, do distrito do Porto, e uma entrevista a uma entidade promotora, do distrito de Coimbra, são o retrato de duas experiências adquiridas no Programa OTL na área da Cultura e do Patrimônio.

O Instituto Português da Juventude, sob a tutela da Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto, é o principal instrumento de execução da política de juventude em Portugal. Neste âmbito, compete ao Instituto Português da Juventude (IPJ), entre outras atribuições, promover, criar e desenvolver programas para jovens, designadamente nas áreas de ocupação de tempos livres, do voluntariado, da cooperação, do associativismo, da formação, da mobilidade e do intercâmbio.

Entre estes programas é, efetivamente, na ocupação dos tempos livres que os jovens mais identificam a marca IPJ, nomeadamente o Programa de Ocupação de Tempos Livres.

O Programa de Ocupação de Tempos Livres, reconhecido pela sigla OTL, é um Programa do IPJ - regulamentado pela Portaria n.º 201/2001, de 13 de Março -, que visa promover a ocupação saudável dos tempos livres dos jovens, orientando-os para o desempenho de atividades ocupacionais que proporcionem a conquista de hábitos de voluntariado, que permitam o contato experimental com algumas atividades profissionais e que potenciem a capacidade de intervenção e participação social e cívica dos jovens, contribuindo para o processo de educação não formal.

O Programa OTL desenvolve atividades em diversas áreas, nomeadamente ambiente e/ou proteção civil, saúde, combate à exclusão social, apoio a idosos e/ou crianças, desporto, ciência e tecnologia e cultura e patrimônio.

O Programa OTL, que tem a sua gênese no princípio dos anos 80, atravessou duas gerações de jovens e continua após o virar de século a ser uma das “bandeiras” do IPJ. Assim confirmam os resultados do último inquérito efetuado aos jovens participantes, em 2005, no total de 20.500, em que para mais de metade dos participantes as atividades do OTL corresponderam em “muito” às suas expectativas, e para mais de 80 por cento afirmam que voltariam a participar no Programa. No entanto, e apesar de novo aumento na participação em 2006, o IPJ tem a constante preocupação em adaptar as suas iniciativas às novas necessidades e expectativas dos jovens. È nesse sentido que faz todo o sentido a publicação de dois textos: a de um jovem participante e de uma entidade promotora de um projeto; e que retratam a sua experiência/ vivência OTL, durante 10 dias, neste último verão.



Porque “gostaria de trabalhar com jovens da mesma idade"


Por Fábio Maio,
18 anos, estudante
Vila do Conde, Porto, Portugal


“Chamo-me Fábio Maio e trabalhei este ano pela primeira vez na feira nacional de artesanato de Vila do Conde.

Trata-se de uma feira que anualmente faculta lugar a muitos jovens que pretendam trabalhar nos seus tempos livres, sendo as funções a exercer bastante acessíveis a qualquer pessoa. Qualquer pessoa com boa disposição, entusiasmo e gosto pelo trabalho pode contribuir para a realização deste evento, que ano após ano marca uma espécie de ponto de encontro do artesanato português

Ao longo desta 25ª edição da feira, o meu cargo estava essencialmente relacionado com a contagem de visitantes (tarefa esta que requer bastante atenção por parte da pessoa que a realiza de modo a evitar que o resultado final seja deturpado), afim de no final do evento a organização ter uma noção do número total de visitantes, número este que é posteriormente comparado com números recolhidos em anos anteriores, proporcionado deste modo uma idéia da evolução da feira de ano para ano.

Deste trabalho saliento alguns aspectos positivos, nomeadamente o fato deste evento permitir aos jovens que nele participam criar novas amizades e conhecimentos.

Como aspecto negativo do meu trabalho tenho bastante pouco a referir. Menciono apenas o fato deste trabalho ser um pouco desconfortável, na medida em que passei bastante tempo sentado num assento de madeira, o que com o passar do tempo fez com que surgissem algumas dores nas costas e nos músculos do corpo.

Deste modo considero que se trata duma experiência largamente positiva, que pretendo repetir na próxima edição do evento e saliento que, como já foi anteriormente referido, é uma iniciativa aberta a todos que para ela queiram contribuir.”




Associação de Amigos da Villa Romana do Rabaçal


Por Miguel Pessoa (Arqueólogo / Museólogo),
Lino Rodrigo (Antropólogo / Museólogo),
António Pinto (Fotógrafo)
Rabaçal, Penela, Coimbra, Portugal








Villa Romana do Rabaçal-Penela-Coimbra, 2006



P.: Quais foram as expectativas e motivações que levaram à apresentação do projeto?
R.: No Rabaçal, existe, entre outros, um riquíssimo e ímpar Patrimônio tardo-romano, que urgia conhecer na sua totalidade, a nível da pars urbana e da pars rústica. Urgia, também, compreender bem alguns engenhos elevatórios de água, ainda com função num tempo recente e de onde, muito provavelmente, subiria a água que alimentaria o Palácio romano, suas termas e anexos de produção envolventes. Os jovens, que ao longo de mais de duas décadas têm estado connosco nas campanhas de Verão, escavando e limpando materiais, prestaram um inestimável trabalho voluntário que, certamente, os enriqueceu e nos enriqueceu. Não se pense, porém que a vinda destes jovens ao Rabaçal, área rural do distrito de Coimbra/ Portugal, se reduziu ao específico trabalho arqueológico. Pois nos seus tempos livres das campanhas, já fora do lugar dos achados, os jovens estiveram no seio da comunidade local e, neste âmbito, contactaram com a produção artesanal do queijo, com a pastorícia, com a apicultura, com os que cuidam dos templos, com os que fazem a coleta das plantas etno-medicinais, com os que colhem o feno e cuidam da vinha e do olival. E, assim, os jovens puderam aprender que os achados arqueológicos – que são importantíssimos e ímpares em Portugal – podem servir ( e só servem assim!) excelentemente no respeitante ao Crescimento e Desenvolvimento integral do Homem e do Homem todo, isto é, não parcelado. Os jovens, de um modo geral, cumpriram bem este seu papel social de entreajuda e aproveitaram as oportunidades de aprendizagem e de transmissão de saberes.

P.: Qual foi o grau de satisfação face às expectativas criadas nos jovens?
R.: A expectativa criada de participação dos jovens no desenvolvimento dos trabalhos de escavação, conservação e exposição da Villa Romana do Rabaçal foi satisfeita graças ao empenhamento solidário, espírito de equipe e competência revelados pelos jovens inscritos no projeto OTL/Patrimônio Cultural.

P.: Vai repetir a candidatura no próximo ano?
R.: Pelo atrás descrito, é fundamental que “novos grupos de entreajuda” cheguem ao Rabaçal. O trabalho de voluntariado é precioso e imprescindível, em Portugal. E é assim, não só por razões econômicas, mas porque vive nele o sopro da solidariedade amiga – aquilo que move as montanhas da exiguidade e da desesperança.

P.: Como vê a participação da sociedade civil, em projetos de preservação e conservação do Patrimônio Cultural?
R.: Pelas razões apontadas, vêmo-la como fundamental para quem “dá” e para quem, neste caso, “recebe”.

P.: Que sugestões oferece para melhor enquadramento e desenvolvimento deste tipo de programas?
R.: O Programa OTL, em boa hora criado, tem levado centenas de jovens nacionais que se associam à participação de estrangeiros que paralelamente têm vindo a colaborar com a nossa organização, levando assim a um convívio fraterno, à aprendizagem informal de saberes e ao contato com a comunidade local. De fato, “os monumentos e as paisagens definem o perfil de uma região e de um país, mas são os seus habitantes que lhe traçam o seu caráter”.







Villa Romana do Rabaçal-Penela-Coimbra, 2006




[Rabaçal, 22 de Outubro de 2006]



Para mais informações sobre este e outros programas do IPJ consulte o portal da juventude em juventude.gov.pt.