O Museu Victor Meirelles é vinculado à 11ª Superintendência Regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, órgão do Ministério da Cultura. Foi criado em 1952 com o objetivo de promover e divulgar a produção artística, vida e obra deste que é considerado um dos maiores pintores brasileiro do século XIX e de preservar o acervo de valor histórico, cultural e artístico nacional.
Instalado na Casa Natal de Victor Meirelles, o Museu também tem o objetivo de preservar o monumento (tombado pelo IPHAN em 1950), realizando um trabalho sistemático de conservação preventiva com o intuito de garantir a esperança de vida do seu acervo e edifício. Além disso, o Museu tem como principal compromisso a disseminação da obra de Victor Meirelles, trabalho este realizado através da ação educativa e cultural em todo o estado de Santa Catarina.
O Museu
Casa onde nasceu Victor Meirelles, na esquina das antigas ruas do Açougue e da Pedreira, foi adquirida pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico nacional em 1946 e tombada em 1950.
Reprodução de fotos Arquivo Noronha Santos IPHAN / Daniela Cristina Silva.
O Museu Victor Meirelles está instalado na casa onde nasceu o artista, um sobrado tipicamente luso-brasileiro do final do século XVIII, início do século XIX, construído na esquina das ruas da Conceição (primitivamente, do Açougue) e da Pedreira - atuais Victor Meirelles e Saldanha Marinho, respectivamente.
Construção intermediária entre a tradicional porta-e-janela e os sobrados mais requintados, a casa apresenta características básicas da arquitetura comercial mais freqüente na Desterro do século passado, onde o andar superior destinava-se à moradia e o térreo para o comércio - no caso, o armazém do pai do artista, o português Antônio Meirelles de Lima.
Vista da casa onde nasceu Victor Meirelles, atual Museu Victor Meirelles.
Foto: Eduardo Marques.
Durante a última restauração, a área externa do Museu recebeu um mural com a releitura de Primeira Missa No Brasil, a obra mais popular de Victor Meirelles.
Foto: Eduardo Marques
Embora de concepção singela, o edifício é um dos poucos exemplares remanescentes da nossa arquitetura oitocentista, preservando ainda os elementos tipológicos e formais mais significativos das construções daquele período, como a implantação sobre o alinhamento da rua, as alvenarias de pedra, a técnica tijolo e estuque, a cobertura com telhas capa e canal, os beirais tipo beira-seveira, as janelas com postigos cegos de madeira e as indevassáveis alcovas, entre outros.
O imóvel foi adquirido pela União em 1947 e tombado como Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1950. Desde 1952 o edifício abriga o Museu Victor Meirelles, onde estão expostas significativas obras do pintor, como forma de preservar, estudar, valorizar e divulgar este importante artista catarinense.
O acervo do MVM, composto de obras, entre pinturas e desenhos, foi constituído através da cessão de obras de Victor Meirelles do Museu Nacional de Belas Artes em 1951, 1961 e 1983, além de doações de particulares e também de aquisições, em 2000 e 2004.
Victor Meirelles
Degolação de São João Batista, Itália, 1855
Óleo sobre tela – 127,2 x 96,4cm
Foto: Eduardo Marques
Victor Meirelles
Cabeça de Velho, sem data
Óleo sobre cartão – 61,5 x 51 cm
Foto: Eduardo Marques.
Toda a parte superior do Museu expõe permanentemente as obras do pintor e, no térreo, acontecem as exposições temporárias de outros artistas, visando um diálogo com a produção contemporânea das artes visuais.
Trabalho de conservação preventiva de obras.
Foto: Eduardo Marques.
O Museu possui ainda, além da Reserva Técnica e biblioteca, uma sala multiuso que está instalada no prédio anexo ao Museu e tem capacidade para 50 pessoas. Dotada de equipamentos audiovisuais para apresentações diversas, a sala abriga eventos em geral e também as atividades educativa culturais do Museu, como oficinas, cursos e palestras, etc.
O Artista
Victor Meirelles de Lima nasceu na antiga Nossa Senhora do Desterro, hoje Florianópolis, Santa Catarina, em 18 de agosto de 1832. Filho dos imigrantes portugueses Maria da Conceição e Antônio Meirelles de Lima, sua trajetória mostra que aos quatorze anos de idade, ganha uma bolsa para freqüentar a Academia Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro (1847), e aos vinte anos, com a tela “São João Batista no Cárcere”, conquista o Prêmio Especial de Viagem à Europa (1852). Na França e na Itália vive cerca de nove anos dedicado ao estudo e ao trabalho. De volta ao Brasil é agraciado com o título de Cavaleiro da Ordem da Rosa e nomeado professor de pintura da Academia.
A. Peliciari
Retrato de Victor Meirelles (1832-1893)
[Reprodução fotográfica por] A. Pelliciari, 1915
Gelatina, p&b, carvão colado em cartão – 58,5 x 48,1 cm
A partir de então, seu nome se transforma numa das maiores expressões das Artes Plásticas no Brasil, no século XIX.
Victor Meirelles
PRIMEIRA MISSA DO BRASIL, 1860
Óleo sobre tela – 268 x 356 cm
Coleção Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro
Fotógrafo: Eduardo Marques
Autor de quadros históricos, retratos, panoramas e da mais popular das telas brasileiras, “Primeira Missa no Brasil” (1861), reproduzida em cadernos escolares, selos, cédulas monetárias, livros de arte, catálogos e revistas, Victor Meirelles deixou um extraordinário acervo, minuciosos esboços, estudos em papel e óleos sobre tela.
Faleceu no Rio de Janeiro a 22 de fevereiro de 1903, um domingo de carnaval.
As Exposições
“Victor Meirelles - Construção”
A exposição de longa duração “Victor Meirelles – Construção”, inaugurada em maio de 2005, com obras do acervo do Museu, teve a curadoria e pesquisa do Prof. Dr. Paulo R. O. Reis (Departamento de Artes – UFPR). Nessa mostra, destacam-se obras que proporcionam um panorama da produção do artista Victor Meirelles e uma visão da arte brasileira do século XIX. É apresentada em momentos distintos: a Construção do Olhar (o aprendizado do desenho, as viagens de estudos, o sistema de ensino de Artes, da época) e a Construção da Brasilidade (a busca da “brasilidade” no Segundo Reinado, a história como dado exemplar, o índio como elemento fundador da nação). Além disso, a exposição inclui dois projetos especiais, intitulados: “Diálogos com a Desterro” e “Obra em Perspectiva”.
“Diálogos com a Desterro” propõe o embate entre paisagens de Florianópolis de diferentes artistas e períodos, com a pintura “Vista do Desterro”, atual Florianópolis, de Victor Meirelles. Em 2005 participaram do projeto obras dos artistas Paulo Gaiad, Yiftah Pelled e Martinho de Haro.
Obra de Paulo Gaiad compondo o modulo Diálogos com a Desterro
Paulo Gaiad
As paredes do Campeche, 2003
(da série “As Paredes que me cercam”)
Cimento, massa, tinta, grafite e fotografia sobre tela,
200 x 140 cm.
Obra de Yftah Pelled compondo o modulo Diálogos com a Desterro.
Yftah Pelled
Sem título, 2001
Instalação (fotografia em estrutura de vidro móvel e furo na parede)
Coleção do artista.
Foto: Sandra Checluski
“Obra em Perspectiva” propõe uma reflexão sobre a produção de Victor Meirelles. Em 2005 foram convidados os pesquisadores Consuelo Alcioni Borba Duarte Schlichia, da Universidade Federal do Paraná, que escreveu sobre Estudo para “Batalha dos Guararapes”, Raul Antelo da Universidade Federal de Santa Catarina, que desenvolveu texto sobre os “Estudos de trajes italianos” e Anita Prado Koneski, da Universidade do Estado de Santa Catarina, abordando a obra “A Morta”.
Victor Meirelles
Estudo para “Batalha dos Guararapes”, 1874/1878
Óleo sobre tela – 54 x 100 cm
Foto: Eduardo Marques.
Raul Antelo da Universidade Federal de Santa Catarina, que desenvolveu texto sobre os “Estudos de trajes italianos”
Victor Meirelles
Estudo de Traje Italiano, circa 1854/1856
Aquarela sobre papel – 27,8 x 20,9 cm
Foto: Eduardo Marques.
Exposições Temporárias
Além do espaço dedicado a exposição de obras da sua coleção, o Museu Victor Meirelles possui uma sala para realização de exposições temporárias, de obras em suporte papel, contribuindo para consolidar seu papel como centro de debate, formação e referência sobre arte para a comunidade.
No cronograma anual de exposições temporárias são promovidas quatro exposições, selecionadas através de edital, e duas exposições com artistas convidados, tendo como objetivo refletir sobre momentos representativos da produção artística. Nestas exposições são desenvolvidas atividades educativas culturais, visando uma aproximação mais enriquecedora do público com a obra de arte.
Em 2005, o Museu Victor Meirelles realizou exposições com os artistas: Newman Schutze, Lela Martorano, Carla Zaccagnini, Helio Fervenza, Rubens Mano e Malu Saddi.
Vista Parcial da exposição “Permeáveis” do artista Rubens Mano.
Foto: Michael Duarte
Ação Educativa
As visitas individuais são acompanhadas de monitoria e as visitas das escolas e grupos são agendadas com antecedência e acompanhadas pela educadora do Museu.
Escolas públicas e particulares, do pré-escolar até a universidade, grupos diversos que incluem idosos, funcionários de empresas, ateliês e escolas de formação profissional, são atendidos com agendamento prévio. As visitas comentadas e monitoradas nos espaços de exposições propõem um diálogo mais próximo entre obra e espectador.
Monitoria de escolas e grupos de alunos.
Podem ser desenvolvidas atividades práticas com os alunos na sala multiuso do museu, que possui material de desenho e pintura. Além disso, o museu disponibiliza a exibição de vídeos e a consulta das fontes de pesquisa da biblioteca. A ação educativa também atende a grupos de professores, realizando cursos e palestras para a formação de futuros monitores nas visitas ao Museu.
Na ação educativa do Museu Victor Meirelles, destaca-se o projeto “Vi Vendo Victor Meirelles”, com uma exposição itinerante de reproduções de obras do acervo do MVM, em Escolas e Centros Culturais de diversos municípios do Estado de Santa Catarina. O projeto inclui também atividades educativas e culturais para a comunidade a partir do “Kit Viagem” que contem as reproduções fotográficas das obras, slides e transparências coloridas de obras de Victor Meirelles, um Cd Rom - Museu Victor Meirelles, dois vídeos (Projeto Vi Vendo Victor Meirelles, de Sandra Alves e Victor Meirelles: Quadros da História, de Penna Filho) e material didático de apoio ao professor.
Ação Cultural
O Museu Victor Meirelles promove, desde 2002, com patrocínio da Caixa Econômica Federal, o projeto “Agenda Cultural”, que oferece ao público uma programação mensal de atividades culturais, como lançamentos de revistas e livros, debates, palestras, encontro com artistas, ciclos de história da arte e seminários com profissionais qualificados no cenário nacional e internacional.
Estas ações fazem do Museu um ambiente aglutinador de estudiosos, artistas e público, estimulando a produção de conhecimento e a reflexão crítica sobre questões relativas a cidade, patrimônio, arte e cultura.
Em 2005 a Agenda Cultural trouxe a Florianópolis artistas, curadores e pesquisadores, como Helouise Costa (MAC-USP), Helio Fervenza (UFRGS), Fernando Cocchiaralle (MAM-RJ), Annateresa Fabris (ECA-USP) e Kátia Canton (MAC-SP), entre outros.
Todas as atividades oferecidas ao público pela Agenda Cultural são gratuitas e divulgadas no site do Museu (
www.museuvictormeirelles.org.br )
O Museu também possui um boletim eletrônico para divulgação das exposições e demais atividades. Para receber nosso informativo, envie um email para:
museu.victor.meirelles@iphan.gov.br
Horário de visitação
De terça a sexta-feira, das 13h às 18h
Visitas para grupos e escolas, podem ser realizadas de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e das 13h às 18h. As visitas educativas são acompanhadas pela educadora do Museu e devem ser agendadas por telefone ou email.
Museu Victor Meirelles
Rua Victor Meirelles, 59 Centro
88010-440 - Florianópolis - SC
Fone/fax: (48) 3222 0692
www.museuvictormeirelles.org.br
museu.victor.meirelles@iphan.gov.br