Área de Concentração

SAÚDE, AMBIENTE E MUDANÇAS SOCIAIS

Descrição

Estuda o contexto das mudanças sociais e ambientais, seus impactos relacionados à saúde e, como resposta a essa nova demanda, a implementação de políticas públicas que possam equacionar os diversos problemas que emergem desse cenário. Destaca-se, ainda, a mudança do perfil epidemiológico e da situação de saúde, especialmente nos grandes centros urbanos, em que as condições de vida e trabalho estão cada vez mais precarizadas, com grande desigualdade social e iniquidades em saúde, tanto em nível global quanto nacional e local. Surge desse contexto a necessidade de suscitar discussões e produzir conhecimentos interdisciplinares e, também, de desenvolvimento de inovações tecnológicas e sociais que busquem práticas de saúde capazes de atender às necessidades individuais e coletivas da população.

Linha de Pesquisa

EPIDEMIOLOGIA AMBIENTAL

Descrição

Investiga as questões de contaminação ambiental e seus impactos na saúde da população, adotando ferramental estatístico e toxicológico, identificando os poluentes presentes na água, ar e solo e seus efeitos sobre a população exposta. A Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS) é palco de um dos maiores desastres ambientais brasileiros. Escolhida como polo para a indústria química, petroquímica e de fertilizantes, na metade do Século XX, sofreu e ainda sofre os efeitos da escolha inadequada e das políticas permissivas que relegaram a um plano inferior o controle das emissões de poluentes. Esse cenário deu a Cubatão fama internacional como um dos locais mais poluídos do planeta.

Mas não é só a cidade que sofre com esse contexto. Outras localidades acabaram envolvidas, e sofrem com a poluição do ar, da água e do solo. Como é padrão nesses casos, a população mais vulnerável, socioeconomicamente, é aquela que mais sofre com a situação. Estudos realizados na RMBS têm sido amplamente divulgados e compartilhados com os moradores para que eles se apropriem de informações importantes sobre seu local de moradia e os efeitos adversos. No que diz respeito à exposição a agrotóxicos, sabe-se que ela afeta a saúde humana com efeitos extremamente danosos.

Portanto, os estudos que trazem à tona a reflexão dessa temática contribuem para a análise dos impactos à saúde da população. No contexto das mudanças climáticas aceleradas pelas ações antrópicas em uma área de fragilidade ecológica, onde a presença e as ações do ser humano comprometem o equilíbrio dos ecossistemas, as investigações da linha de Epidemiologia Ambiental contribuem, de forma decisiva, com diagnósticos e propostas de soluções para os problemas socioambientais e de saúde global, nacional, regional e local.

Linha de Pesquisa

CONDIÇÕES SOCIAIS DA SAÚDE, POLÍTICAS PÚBLICAS, GESTÃO, PROGRAMAS E PRÁTICAS EM SAÚDE

Descrição

Esta linha de pesquisa aborda os estudos das relações Estado-sociedade e suas bases teórica, política e social, assim como os processos de saúde e doença relacionados às condições sociais e modos de vida, na perspectiva da construção social de um problema e necessidade de saúde. Também investiga como as condições de vida e trabalho, influenciadas por fatores sociais, econômicos, culturais e ambientais, afetam a ocorrência e distribuição dos agravos, condições e eventos relacionados à saúde. Desse modo, os estudos poderão contribuir para formulação, implementação, monitoramento e avaliação de políticas públicas, modelos de gestão, práticas de atenção à saúde e programas de saúde que contribuirão para a melhoria das condições de vida e prevenção de riscos.

A linha de pesquisa envolve, ainda, as conformações organizacionais e assistenciais, considerando os componentes de um sistema saúde: população, infraestrutura, trabalhadores, organização, prestação de serviços, financiamento e gestão. Além disso, compreende pesquisas referentes a políticas públicas, gestão em saúde, práticas de atenção, tecnologias em saúde, determinantes sociais, condições de vida e de trabalho, modos e hábitos de vida e seus impactos nas condições sociais da saúde humana e nos diversos cenários das redes de atenção à saúde, nos contextos global, nacional, regional e local.

Esta linha de pesquisa objetiva a produção do conhecimento com abordagem transdisciplinar com o propósito de contribuir para a efetividade de um sistema integrado de saúde e busca da equidade no setor. Ela também discute elementos fundamentais do campo de saberes e práticas da saúde coletiva, e caracteriza-se por uma atuação transdisciplinar. Visa, assim, uma reflexão crítica e contextualizada sobre as políticas de saúde, a organização do sistema de saúde no Brasil e as condições de vida e trabalho na saúde humana da sociedade contemporânea. Possibilita, ainda, estudos que trazem à tona temas relevantes que se ancoram na determinação social da saúde para a formulação de políticas públicas. Estudos que explorem essa temática, e que suscitam um pensamento crítico à luz do direito à saúde, da justiça social e da equidade em saúde podem contribuir para a melhora da saúde nos cenários global, nacional, regional e local.

À medida em que se problematizam as questões sociais imbricadas com a saúde, vislumbra-se um cenário de enfrentamento mais amplo e eficiente. As mudanças observadas nos padrões de morbimortalidade da sociedade contemporânea, a transição demográfica com o envelhecimento populacional, a mudança do perfil epidemiológico com o aumento das doenças crônicas e agravos não transmissíveis e a persistência de doenças transmissíveis fazem emergir desse cenário a necessidade de avaliar o impacto promovido pelos modos de vida e trabalho, assim como as políticas, programas e prestação de serviços em saúde. Análises da situação de saúde e suas tendências para a busca de ações que subsidiam a construção de políticas e ações efetivas para seu enfrentamento, assim como a reorganização do sistema, dos serviços e das práticas de saúde, poderão diminuir as iniquidades em saúde e, assim, promover o fortalecimento do SUS.

Ainda nessa perspectiva, considera-se a gestão e o financiamento em saúde, pontos críticos para o sistema de saúde brasileiro, e a necessidade de uma discussão mais ampla e efetiva sobre os subsídios públicos aos planos e seguros privados de saúde. Além disso, é necessário também pensar políticas públicas que contemplem os novos modos de organização social, bem como seus determinantes e condicionantes, para que possam ser formuladas e aprimoradas estratégias de vigilância, controle e intervenção para melhoria das condições de saúde. Nesse contexto, em concordância com a compreensão transdisciplinar e a complexa relação das condições sociais da saúde, é necessária uma perspectiva crítica de como as condições de vida e trabalho impactam a busca da equidade em saúde.

Linha de Pesquisa

MARCADORES SOCIAIS DA DIFERENÇA E PRODUÇÃO DE CUIDADO EM SAÚDE SEXUAL E REPRODUTIVA

Descrição

Abriga investigações sobre como as dinâmicas sociais produzem diferenciação, desigualdade e iniquidades nas condições de vida das populações, com foco específico na saúde e nos direitos sexuais e reprodutivos. Tem como base o referencial da interseccionalidade, que problematiza o pressuposto dos gradientes socioeconômicos como os principais motores das desigualdades em saúde, defendendo compreensão mais complexa de identidade, posição social e desigualdade nos determinantes sociais da saúde. Em consonância a referências e diretrizes nacionais e internacionais, examina a produção de cuidado em saúde sexual com foco nos sistemas de opressão (racismo, sexismo, transfobia e capacitismo, entre outros) que se articulam à sexualidade, bem como nos planos sociais e programáticos necessários para o respeito, proteção e realização dos direitos sexuais, de forma a garantir experiências sexuais prazerosas e seguras, livres de coerção, discriminação e violência. Abrange a prevenção e tratamento de infecções sexualmente transmissíveis, incluindo o HIV, e dimensões epistemológicas, teóricas e conceituais na produção de conhecimento em saúde sexual e reprodutiva.

Esta linha de pesquisa empreende investigações que têm como foco as complexidades implicadas na dinâmica da produção de cuidado. Especificamente, entre os grupos sociais de adolescentes e jovens, podemos destacar como essa fase da vida, marcada pelo início das relações sexuais em um contexto de transição biológica, social, psicológica e estrutural, é acompanhada do estabelecimento de relacionamentos estáveis, casuais e intergeracionais, sendo também frequente a experimentação de substâncias nesse contexto. O enfraquecimento dos programas de educação em sexualidade e as barreiras de acesso aos serviços de saúde, por sua vez, interagem com marcadores sociais de diferença, como orientação sexual, identidade de gênero, classe social, raça e religião, essenciais para se compreender a epidemia na medida em que mostram como o risco da infecção por HIV afeta populações de modo desigual. Pessoas negras e LGBTQIA+ são, desproporcionalmente, afetadas pela epidemia de HIV e outras IST, devido a uma carga mais alta de violência, estigma e discriminação, desde a socialização na infância. Nessa perspectiva, a linha de pesquisa busca articular essa leitura ao examinar os dados epidemiológicos.

As investigações propõem a produção de evidências de alta qualidade, de modo a avançar o conhecimento sobre as principais barreiras, facilitadores e mecanismos envolvidos na aceitabilidade, oferta e retenção de tais estratégias. A qualidade da produção dessas evidências, por sua vez, está ancorada em perspectivas participativas e comunitárias de investigação e referências epistemológicas, teóricas e metodológicas que façam frente às concepções e práticas hegemônicas na ciência que sustentam os sistemas de opressão na produção do conhecimento.  Essas evidências, nos níveis local, regional e nacional, são cruciais para apoiar o desenho de políticas eficazes para acelerar a inclusão de novas tecnologias, qualificar a atenção e fortalecer a participação comunitária.