Debater a crise humanitária e os dilemas geopolíticos por conta do conflito na Ucrânia foram os objetivos de mais uma edição da simulação do Modelo das Nações Unidas (MONU), realizada pelos estudantes do ensino médio da Escola Estadual Antônio Ablas Filho, no último dia 23. O programa é fruto de uma parceria inédita entre a UNISANTOS, o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) e a Diretoria de Ensino Região de Santos.
Orientados ao longo do semestre, 43 estudantes representaram as seguintes delegações: Alemanha, Arábia Saudita, Belarus, Brasil, Canadá, China, Estados Unidos, França, Hungria, Índia, Israel, Japão, Polônia, Reino Unido, Rússia, Turquia e Ucrânia. Avaliados pela capacidade de argumentação e solução de conflitos, oratória, negociação e criação de projetos de resolução, os jovens demonstraram maturidade e conhecimento sobre a temática.
Cônsul para assuntos culturais, econômicos, educativos e promoção, do consulado geral do México em São Paulo, Rodrigo Vásquez Ortega prestigiou o evento e ressaltou a importância das escolas estaduais e universidades criarem uma cultura voltada para o funcionamento das organizações internacionais. O MONU, segundo ele, faz com que os estudantes se interessem pelos temas internacionais, o que é extremamente importante para o aprendizado.
Coordenadora pedagógica da Escola Antônio Ablas Filho, Kaliana Silva de Souza destacou que a participação dos estudantes proporciona uma experiência enriquecedora, além dos limites do ensino médio. “A vivência acadêmica durante o projeto MONU expande horizontes, permitindo aos estudantes explorarem questões geopolíticas de maneira prática. A eletiva MONU se configura como um processo contínuo, culminando em debates e aprendizados valiosos, representando o ápice dessa experiência transformadora”, disse a coordenadora que avalia como excepcional a iniciativa da UNISANTOS.
DELEGAÇÕES – Da delegação do Brasil, Isabelle Alambert De Ávila, de 16 anos, disse que apesar de ficar tensa durante a simulação da assembleia, a experiência foi muito importante. “Foi um processo muito tranquilo, onde pudemos adquirir bastante conhecimento, principalmente em relação ao que está acontecendo no mundo. Ficamos um pouco nervosos durante a apresentação, mas foi bem divertido”.
Isabelle contou com a presença da mãe, Talita Joyce Alambert, que fez questão de prestigiar o evento. “É importante para eles desenvolverem essa mentalidade política. Como eles estão no 2° ano e muitos querem seguir nessa área [internacional], então é muito bom saberem como cada país se posiciona em um debate desse tipo”, explicou.
Os representantes da delegação do Brasil, que contou também com os estudantes Gustavo Henrique Mombeli Filho e Plínio Loureiro Araújo, apresentaram um documento que previa um acordo pacífico para o conflito. Apesar de justificaram a urgência, por conta do número de mortos, não houve consenso para a aprovação.
Em defesa da soberania da Ucrânia, a delegação dos Estados Unidos, formada pelos estudantes Théo Gomes Gancho Miranda, Vicenzo Enrico Mineiro Pequenino e Vinicius Ribeiro Dias, manteve expresso o posicionamento de que a Ucrânia deve manter a sua defesa e evitar cair nas “mãos” da Rússia. Para o grupo, a experiência foi importante e desafiadora.
Representante da delegação da Ucrânia, Sophia Delanieve Xavier Ribeiro já participou de outras edições do MONU e sonha em seguir carreira na área das relações internacionais. “O estudo de cada país é muito interessante. Acredito que este projeto seja importante para pessoas que, assim como eu, desejam seguir nessa área de atuação. Estudamos oratória para utilizarmos durante a simulação e aprendemos tudo sobre a geopolítica e a política externa de cada país”, contou.
Em sua defesa, a delegação Russa, formada pelos estudantes Enzo de Oliveira Paixão e João Paulo Rodrigues Lopes, disse que existem infiltrados neonazistas na região ucraniana e, portanto, não recuará até que todos sejam detidos. Para os representantes, a simulação “chega bem perto do real”. João destacou que os estudantes “entraram muito no personagem e isso deu maior imersão ao debate”.
PREMIAÇÃO – Os países premiados nesta edição, foram: a Rússia, como melhor debatedor; a Turquia, como melhor caracterização; e a China, como melhor analista de política externa.
O Modelo das Nações Unidas, coordenado pela professora mestre Melissa Mendes Caputo Vicente, do curso de História, e com a participação do professor doutor Thiago Ribeiro Babo, do curso de Relações Internacionais, integra o Programa de Educação Científica desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas (Ipeci).