Diretor de filmes como “Argentino” (2011), “A Plebe é Rude” (2016), “Os Caubóis do Apocalipse” (2018) e “Selvagem” (2021), Diego da Costa fez a aula inaugural, na terça-feira (14), do curso de Cinema e Audiovisual da UNISANTOS, no Cine Roxy 5. Os calouros tiveram a oportunidade de conhecer o trabalho do cineasta, tirar dúvidas e buscar inspiração para atuar no universo da sétima arte.
Premiado pelo seu primeiro longa-metragem de ficção, “Os Caubóis do Apocalipse”, Melhor Filme do 8º Festival de Cinema Independente, Diego da Costa compartilhou as suas experiências enquanto diretor, técnico de som e montador. Para ele, o cinema é uma forma de se expressar e por isso ressaltou que nessa área o céu é o limite. “É a arte de contar histórias. Fazemos cinema para podermos nos expressar. Para contar histórias é preciso se alimentar delas”, enfatizou.
CINEMA NACIONAL – Diego falou um pouco sobre a realidade do cinema e os desafios para produção nacional. Disse que no último filme que dirigiu, “Selvagem”, a maioria dos atores e atrizes não tinha experiência ou tinha pouco conhecimento. Muitos eram moradores das próprias comunidades. O filme conta a história do movimento dos estudantes que ocuparam mais de 1000 escolas públicas, em 2015, em protesto à reforma educacional do ensino médio.
Quando questionado sobre a maior dificuldade para um cineasta, Diego lembrou dos quatro anos do governo de Bolsonaro, que travou a destinação de verba para o audiovisual, fazendo com que muitos projetos dependam dos próprios produtores. Mas, ele acredita que o cinema sempre irá se reinventar, mesmo nos momentos de crise. Para isso, precisa contar com novos profissionais qualificados.
Segundo ele, um estudante de cinema precisa ter uma bagagem cultural, ler livros, histórias e poesia, além de assistir muitos filmes. “Os professores vão trazer a base do conhecimento, com referências. E a outra base são os seus amigos, porque eles são os que ficam. Vez ou outra vocês vão fazer trabalhos [juntos] dentro e fora da faculdade”, disse.
INSPIRAÇÃO – Para o estudante do curso de Cinema, Luiz Henrique Ignácio, de 21 anos, o ponto que mais lhe chamou atenção da aula inaugural foi as diferenças pontuadas pelo cineasta entre o cinema de mainstream (convencional), das plataformas digitais, e do cinema “raiz”.
Estudante do curso de Publicidade e Propaganda e cursando uma disciplina em Cinema e Audiovisual, Guilherme Nocetti, de 21 anos, disse que foi importante a Universidade proporcionar uma visão nacional sobre a área. “Ver produções mais independentes é bem legal. Essa parte dos documentários que ele já fez e criações baseadas em histórias de vida dele foram bem interessantes”, afirma.
Aluna do curso de Jornalismo, Amanda Freixo, de 20 anos, também é atriz e acredita que o jornalismo se interliga com o Cinema e Audiovisual. “Eu acho que o jornalista é totalmente mesclado com a interpretação. A nossa voz, o jeito que a gente se porta para dar uma notícia. As duas profissões se complementam e se misturam”, ressaltou a jovem que achou a palestra inspiradora, principalmente pelas dicas práticas que ele deu aos estudantes. “É muito legal para nós da Baixada Santista vermos uma pessoa conseguindo fazer isso [cinema] no Brasil de uma forma diferente, conseguindo mostrar locais, como o interior de São Paulo, e ainda conseguir chegar nesses lugares em que todo mundo sonha”, disse.
INVESTIMENTO – Para o coordenador do Centro de Ciências da Educação e Comunicação, professor mestre Paulo Roberto Bornsen Vibiam Paulo Bornsen, o primeiro curso de Cinema e Audiovisual da UNISANTOS foi um sonho que se tornou realidade graças aos investimentos da instituição. “A Universidade acredita nesse projeto. Parabéns aos alunos da primeira turma. Vocês estão fazendo história”, enfatizou.
O coordenador do curso de Cinema e Audiovisual, professor mestre Wanderley Augusto Camargo, explicou ainda que a Universidade pretende incorporar todo universo de apoio, como festivais e mostras de curta-metragens na Cidade, à formação dos estudantes. “A ideia é não só mostrar o que vocês fazem no curso, mas que tenham contato com quem produz”, afirmou.
Jornalista, crítico de cinema, produtor cultural e editor do site CineZen Cultural, André Azenha também participou da aula inaugural, contribuindo com o bate-papo com o cineasta Diego da Costa.