Com o objetivo de promover uma reflexão sobre fatos marcantes na história do Brasil, na Namíbia e na Argentina, foi realizado, no dia 10 de abril, na UNISANTOS, o ‘Seminário Internacional: reparação, memória e justiça de transição – os casos de Namíbia, Argentina e Brasil’. No ano em que completa 60 anos da Ditadura Militar no País, o evento também discutiu o genocídio durante a colonização da Namíbia, em 1904, e a ditadura argentina, em 1976.
Na abertura do seminário, a ministra da saúde e dos serviços sociais da Namíbiae e professora universitária, Esther Muinjangue, falou, de forma remota, sobre a importância dessa discussão para lembrar de momentos que, apesar de tristes, não devem ser esquecidos. Ela também relatou como estão as relações com o governo do país, que pretende aceitar o acordo proposto pela Alemanha. “O governo pretende aceitar um acordo com a Alemanha pelo genocídio cometido contra o nosso povo, mas nós queremos que eles se desculpem por todo o mal cometido”.
Presidente da Ovaherero and Ovambandery Genocide Foundation (OGF), Mbakumua Hengari disse que a colonização na Namíbia se deu com a chegada dos estrangeiros que se fixaram no país. Para abrigá-los, foi necessário destruir grande parte das terras já existentes. “As terras que eles invadiram foram consideradas deles por meio de leis que alegam que terras desocupadas são dos primeiros que ocupam. Só que o nosso povo estava lá, plantava e cultivava”.
Mbakumua explicou sobre as guerras e a dizimação de seus ancestrais. Também contou que dentre os que fugiram, muitos morreram no deserto, outros chegaram em colônias inglesas. Os que ficaram foram escravizados e viviam com o mínimo. Ele também lembra da ditadura do Brasil e afirma que a luta deve continuar em busca de reparação histórica. “A luta continua e a união dos países é muito importante para que essa reparação possa acontecer”.
Advogado e professora Universidad de La Plata, na Argentina, Pablo Gustavo Lionto falou sobre o regime de excessão na Argentina. Ativista na área de Direitos Humanos e das vítimas da Ditadura Argentina, ele ressaltou a importância do evento para a democracia.
MESA – Líder sindical e escritor, Antonio Fernandes Neto falou sobre o seu trabalho enquanto pesquisador das graves violações aos Direitos Humanos durante a ditadura empresarial-militar no Brasil. Ele participou das investigações dos casos Volkswagen, Cia Docas e Embraer.
Jornalista, advogada, a professora da UNISANTOS, mestre Lídia Maria de Melo, contou sua experiência durante a Ditadura Militar no Brasil e os seus estudos relacionados ao tema. Autora do livro Raul Soares, Um Navio Tatuado em Nós, que trata da história do próprio pai, Iradil dos Santos Melo, que ficou preso no navio-prisão Raul Soares, ela também integra o Grupo de Pesquisas Direitos Humanos e Vulnerabilidades da UNISANTOS.
Doutora em História Social e coordenadora do Programa de Extensão “Saberes, Consciência e Cidadania”, da Universidade Federal de Roraima, a professora doutora Adriana Gomes Santos foi a tradutora durante o evento. Docente do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação da UNISANTOS, o professor doutor Ricardo Costa Galvanese.