MENSAGEM  – Com a proximidade do Natal, o presidente da SVSL e chanceler da UNISANTOS, bispo diocesano Dom Tarcísio Scaramussa, fala sobre a importância da Paz

O chanceler da UNISANTOS, Dom Tarcísio Scaramussa

A proximidade do Natal é tempo propício para tratar do tema da Paz. Cristo é o Príncipe da Paz, e o seu Reino é o da “verdade e da vida, da santidade e da graça, da justiça, do amor e da paz”. A pandemia do coronavírus matou muita gente antes de se conseguir a vacina e as formas de combatê-lo. Há anos a humanidade está sendo vitimada pelo vírus das guerras em suas várias formas e expressões de ódio, e é necessário descobrir e aplicar vacinas eficazes contra ele.

 

Após um período de muitas tensões, terminaram as eleições, e temos diante de nós o grande desafio de reatar laços rompidos nesses tempos em família, na Igreja, na sociedade, e buscar a reconciliação restauradora. O Natal é a grande luz para clarear as trevas de tantas divisões e colocar a fraternidade acima de qualquer diferença de ideias ou posicionamentos políticos.

 

O Concílio Vaticano II, na Constituição Pastoral Gaudium et Spes, chamou a atenção sobre as causas e os remédios das discórdias entre os humanos. Afirmou que as discórdias e as injustiças alimentam as guerras. E numerou também outras causas dos desencontros, como a inveja, a desconfiança e a soberba humanas, bem como outras paixões egoístas. Tais desordens envenenam as relações humanas e provocam contendas e violências.

 

COOPERAÇÃO – Isto que acontece em nível pessoal, aparece também nas relações internacionais. O Concílio ressalta então a necessidade de organismos internacionais que promovam a cooperação, o desarmamento e a paz. No momento do Concílio já havia sido criada a ONU (Organização das Nações Unidas), mas os padres conciliares reconhecem que a construção da paz estará comprometida enquanto prevalecerem os sentimentos de hostilidade, desprezo e desconfiança, enquanto os ódios raciais e os preconceitos ideológicos dividirem os homens e os opuserem uns aos outros. Daqui a enorme necessidade de uma renovação na educação das mentalidades, na orientação da opinião pública, na promoção da cultura da paz.

 

Durante o Concílio, o Papa João XXIII, dois meses antes de sua morte, publicou sua última Encíclica justamente sobre a paz. Foi saudado como “um dos documentos mais profundos e significativos da nossa era”, publicada no auge da chamada guerra-fria entre os Estados Unidos e a então União Soviética. Assim se inicia a longa Encíclica: “A paz na terra, anseio profundo de todos os homens de todos os tempos, não se pode estabelecer nem consolidar senão no pleno respeito da ordem instituída por Deus” (n.1). João XXIII defende que “os conflitos entre as nações devem ser resolvidos com negociações e na confiança mútua, não com armas (nº. 113)”. Para ele, “a Paz entre os povos exige: a verdade como fundamento, a justiça como norma, o amor como motor, a liberdade como clima”.

 

CRISE DE FRATERNIDADE – O tema da paz continuou ocupando as atenções da Igreja a partir do Concílio. O Papa Paulo VI, na Encíclica Populorum Progressio (Sobre o desenvolvimento dos povos), em1967, afirmou que “o mundo está doente. O seu mal reside mais na crise de fraternidade entre os homens e entre os povos, do que na esterilização ou monopolização dos seus recursos, feita por alguns”. Na conclusão da Encíclica, afirma que o “desenvolvimento dos povos é o novo nome da paz”.

 

A Paz continuou sendo tema constante nos pontificados que se seguiram, manifestando não apenas preocupação da Igreja, mas compromisso firme na construção da paz, enquanto o mundo parece continuar investindo na insanidade dos conflitos e guerras. A última Encíclica do Papa Francisco, Fratelli Tutti, vem mais uma vez convocar o mundo a superar o momento dramático de sua história com a proposta de assumir pra valer a fraternidade universal como caminho de paz e de sobrevivência da humanidade. “Somos todos irmãos”, repete o Papa. Citando o documento que assinou juntamente com o Grande Imã Ahmad Al-Tayyib em Abu Dhabi (2019), com forte apelo à fraternidade, ao diálogo, à colaboração, repete: “Em nome de Deus e de tudo isto, (…) declaramos adotar a cultura do diálogo como caminho; a colaboração comum como conduta; o conhecimento mútuo como método e critério”.

 

O Príncipe da Paz que acolhemos no Natal nos guia com sua luz para viver a “paz na terra aos homens amados por Deus” (Lc 2,14)!

 

Por Dom Tarcísio Scaramussa, SDB, Bispo Diocesano de Santos

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