Pesquisador encontra água subterrânea em comunidade de Itanhaém

28 de janeiro 2023

SEGUNDO BOKHONOK, A DESCOBERTA AJUDARÁ PESSOAS QUE MORAM EM LOCAIS ONDE O RECURSO NÃO CHEGA DE FORMA ENCANADA OU POTÁVEL

Caroline Araújo Ferreira de Melo – Da Agência de Notícias da Água

Equipamento faz um raio-x do subsolo

Grupo de pesquisadores descobriu a existência de água subterrânea em uma comunidade isolada de Itanhaém, no litoral de São Paulo. A descoberta faz parte do projeto Prospecção Geofísica de Recursos Hídricos Subterrâneos em Comunidades Isoladas na Região de Baixada Santista, coordenado pelo professor-doutor Oleg Bokhonok, da Universidade Católica de Santos, e financiado pelo Fundo de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo (FEHIDRO).  O intuito da pesquisa, que é mapear os locais com reservatórios de água debaixo da terra, para dar uma alternativa de acesso à água potável em locais afastados dos centros urbanos.

Segundo Bokhonok, a descoberta ocorreu durante pesquisas de campo que utiliza a técnica de prospecção geofísica de recursos hídricos o que. Para ele, essa prática se assemelha, inclusive, ao exame de radiografia, feito em seres vivos, porém, aplicados na terra.

De acordo com o pesquisador, fortes indícios de água subterrânea foram encontrados em uma comunidade isolada, que não recebe água encanada, no bairro Jardim Aguapeu, em Itanhaém. Segundo Bokhonok, o local possui água doce registrada a aproximadamente 20 metros abaixo da terra. “É um poço com profundidade viável para a perfuração”, explica.

A descoberta foi para a base de dados do grupo de pesquisa, que inclui os professores e pesquisadores Jhonnes Alberto Vaz e Hirochi Yamamura. O projeto se encontra na etapa de coleta, organização e processamento de dados. “Isso tudo será repassado de forma que seja acessível às autoridades responsáveis”, para a decisão de captar ou não esses recursos hídricos.

Inspirados em um projeto bem-sucedido, realizado no Paraná, os pesquisadores querem implementar a ideia na Baixada Santista, com o objetivo de “estimular as autoridades a perfurar o solo”. O trabalho consiste em localizar água doce em camadas subterrâneas da terra, por meio de uma máquina que utiliza Ground Penetrating Radar (GPR), Métodos Geoelétricos e Métodos Sísmicos, para filtrá-la e depois realizar a perfuração do solo.

Segundo o coordenador, numa tentativa de levantar indícios de que a Baixada Santista possui água subterrânea o suficiente para poder receber a técnica de perfuração do solo para retirada de água doce da terra, o grupo passou a percorrer as áreas isoladas das cidades de Itanhaém, Santos, Peruíbe e Cubatão. “Em todo o Brasil falta água e aqui não é diferente. Queremos saber se nos locais onde a população não tem acesso a água potável via tubulações, existe esse reserva de água subterrânea”. Dessa forma, de acordo com  Bokhonok, seria possível a implementação da técnica de perfuração do solo para levar água à população.

De acordo com ele, ainda não se sabe onde, nem quanto de água doce subterrânea tem na região, muito menos a qualidade dela. “Muitas vezes a população não tem acesso a água salubre, muitas pessoas a consomem porque não tem outra opção”, explica. Segundo o coordenador, assim que o projeto for encerrado, todos os dados também estarão disponíveis ao público em geral.

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