Presidente do CBH-BS, Raquel Chini, apresenta prioridades para a questão da água na região
29 de janeiro 2023
Atender a demanda regional, preservar corpos hídricos e garantir a qualidade de água são prioridades para Rachel Chini, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica da Baixada Santista (CBH-BS) e do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista (CONDESB)
Por Daniel Rodrigues e Luzia Souza – Da Agência de Notícias da Água
O Verão está chegando e com a estação mais quente do ano vem a preocupação com o problema da falta de água na Baixada Santista, tendo em vista o grande fluxo de turistas que a região recebe. A prefeita de Praia Grande, Raquel Chini, assumiu a presidência do Comitê da Bacia Hidrográfica da Baixada Santista (CBH-BS) para o biênio 2022/2023. Segundo ela, a Baixada Santista precisa de ações e debates para que políticas públicas sejam implementadas com base nas necessidades e peculiaridades da região de forma integrada com todos os nove municípios da região, a partir de estudos e pesquisas.
ANA – Quais os desafios da prefeita ao assumir a presidência do Comitê da Bacia Hidrográfica da Baixada Santista (2022/2023)?
Raquel Chini – Os desafios são inúmeros, mas entendo que uma governança consciente, a partir de estudos e pesquisas, é essencial para a implementação de políticas públicas que assegurem a gestão dos recursos hídricos. Além de diagnosticar a efetiva participação do CBHBS no processo de gestão de água, avaliar suar ações e avançar nas questões da demanda crescente pela oferta de água, a preservação dos corpos hídricos, a qualidade de água dos reservatórios e do Saneamento Ambiental.
ANA – Quais são os grandes problemas relacionados à água na Baixada Santista?
Raquel Chini – Toda a Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBS) se caracteriza pelo turismo, chegando a população flutuante a quadruplicar a população fixa, com isso nos preocupa o abastecimento de água, a geração de resíduos sólidos e o esgoto doméstico; sendo constante o planejamento nos quesitos relacionados à sazonalidade e disponibilidade hídrica.
ANA – A prefeita é presidente do Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista (CONDESB) e uma de suas metas é o desenvolvimento igualitário de toda a Baixada Santista. Como presidente do CONDESB, quais são suas prioridades para o crescimento da região? Como essa questão dos recursos hídricos impactam nas ações de desenvolvimento regional?
Raquel Chini – Habitação, mobilidade urbana, saúde e desenvolvimento econômico metropolitano são algumas das áreas que terão mais destaque no Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana da Baixada Santista (Condesb). Minha meta é trabalhar os assuntos comuns de forma integrada entre as nove cidades, promovendo a unidade metropolitana, fortalecendo o quadro técnico da Agem (Agência Metropolitana), e mais celeridade aos assuntos das Câmaras Temáticas são algumas das ações a serem atingidas.
ANA – Como enfrentar as questões hídricas em conjunto com 9 municípios que se encontram em estágios diferentes de desenvolvimento econômico, por exemplo.
Raquel Chini – Construindo parcerias, intensificando a visão metropolitana, partindo do princípio de que os moradores das cidades são metropolitanos, já que circulam diariamente em diversos municípios. Evitando a duplicação de programas, fazendo com que diversas ações fragmentadas possam ser reunidas em um só programa; canalizando todas as ações para que elas possam se voltar para os mesmos objetivos.
Através do Plano Estadual e dos Planos de Recursos Hídricos podemos minorar os problemas já existentes, num país onde ainda convive a cultura da abundância do recurso água.
Além disso, garantir a comunicação entre os agentes envolvidos e garantir a pluralidade, compartilhamento das ações e projetos que resultaram num progresso efetivo, ajudará a ampliar a conexão entre os municípios e acelerar o desenvolvimento.
ANA – A prefeita acredita que a solução das questões que envolvem os recursos hídricos passa apenas pelo Poder Público? Quem mais está envolvido ou precisa se envolver? De que forma podem se envolver?
Raquel Chini – A nossa Região Metropolitana da Baixada Santista precisa de ações e debates para que Políticas Públicas sejam implementadas com base nas necessidades e peculiaridades da nossa Região. E para que de fato isso aconteça é necessário diálogo entre todos os envolvidos. Temos que conhecer, discutir e repensar nossas ações, não só o poder público, mas todos os usuários da água. É necessário que as políticas dos noves municípios estejam alinhadas ao nosso Plano de Bacia para que possamos sanar os problemas da região, como a poluição das águas dos rios e do mar por esgotos domésticos e pelo lixo urbano.
Ações já estão sendo realizadas nos municípios, mas sabemos que ainda precisamos caminhar muito para que possamos atingir as metas apontadas no Plano. A garantia da segurança hídrica no abastecimento urbano depende não apenas da realização de investimentos em infraestrutura, mas também de medidas de gestão relacionadas aos recursos hídricos e à prestação dos serviços de saneamento. Órgãos e entidades estaduais e municipais responsáveis pelo gerenciamento dos recursos hídricos precisam se articular para promover o abastecimento de água potável e o esgotamento sanitário de maneira igualitária; a limpeza urbana e o manejo de resíduos sólidos de modo sustentável; além da drenagem e do manejo das águas pluviais de forma eficiente.
No gerenciamento dos recursos hídricos, o município de Praia Grande busca obter resultados que contribuam com os nossos recursos hídricos nas diversas secretarias e temas: saneamento básico, habitação, nascentes e sua proteção, coleta seletiva, educação ambiental visando à destinação correta dos resíduos sólidos…). No entanto, não podemos pensar apenas como município, é preciso pensar como Região Metropolitana, traçando metas em conjunto e realizando ações síncronas para que os problemas sejam sanados.
ANA – A Educação tem uma contribuição importante a dar nesse processo. Como a senhora vê o papel da escola, dos professores e alunos neste desafio de utilizar bem os recursos hídricos?
Raquel Chini – O ambiente escolar é também um local para a informação, comunicação e discussão a respeito das problemáticas ambientais: poluição da água, ar, descarte incorreto dos resíduos, desmatamento etc.
O maior desafio dos professores é a transformação das práticas pedagógicas, no sentido de serem reflexivas. Envolver a comunidade escolar com a problemática dos recursos hídricos frente à Educação Ambiental é um fator primordial ao desenvolvimento sustentável, é necessário difundir a necessidade da preservação.
Praia Grande investe na Educação Ambiental com projetos realizados no Departamento de Educação Ambiental, os projetos são voltados para a conscientização, estudo do meio: os 3 ecossistemas da região, diálogos com alunos e atendimento ao público em geral; até julho o Departamento de Educação Ambiental realizou 10.341 atendimentos, entre projetos ambientais ofertados aos alunos da rede municipal, alunos da rede estadual e visitas espontâneas.
ANA – A região por ser turística e ter um imenso potencial no Verão, por conta das praias, precisa ter um olhar diferenciado para a questão hídrica? Os episódios de falta de água no Verão correm o risco de continuar ocorrendo? Como se antecipar para evitar essa situação?
Raquel Chini – As prefeituras da Baixada Santista, junto com o Estado, vêm investindo em estrutura de distribuição de água e construindo mais reservatórios (grande parte deles já interligados). Os episódios de falta d’água vêm diminuindo ao longo dos anos. Entendo que é muito difícil manter uma grande estrutura, que acaba sendo mais adequada na alta temporada (Praia Grande, por exemplo, tem uma população de cerca de 330 mil habitantes, porém no verão recebe cerca de 2,2 milhões de turistas); porém também entendo ser necessária uma interligação da Represa Billings com a Baixada para atender essa população sazonal.
ANA – Qual a marca que a prefeita quer deixar na presidência do Comitê da Bacia Hidrográfica da Baixada Santista fruto da sua gestão?
Raquel Chini – Integrar os 9 municípios em prol da gestão de recursos hídricos, fazendo um todo corresponsável pela gestão das águas na RMBS. Acho importante salientar a importância da participação da Secretaria Executiva e dos técnicos do CBHBS nos debates sobre temas regionais nas reuniões das Câmaras Temáticas, Câmaras Técnicas e do próprio Conselho de Desenvolvimento da Baixada Santista (Condesb) e a atuação junto a diversas entidades e organizações governamentais e não-governamentais da região.
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