O Asilo de Órfãos de Santos na engrenagem da cidade (1908 – 1931). Este é o título da tese de doutorado da professora Marina Tucunduva Bittencourt Porto Vieira, aprovada, no dia 2 de março, na Faculdade de Educação da USP.
Conhecer a cultura escolar implantada no Asilo de Órfãos, atual Casa da Criança, em 1908, e sua relação com as transformações sofridas pela Cidade fazem parte do estudo da professora que leciona nos cursos de Pedagogia, História, Filosofia, Matemática e Letras. O local também foi objeto de estudo do seu Mestrado, defendido na UNISANTOS, em 2006. Na oportunidade, a professora analisou o período compreendido entre 1889 (criação) e 1914.
Para o doutorado, como fontes primárias, ela utilizou documentos da Associação Protetora da Infância Desvalida, livros de crô,nicas da Congregação Puríssimo Coração de Maria, documentos da Câmara Municipal de Santos, anuários de ensino do Estado de São Paulo e jornais da época.
A professora verificou que as mudanças no asilo foram desencadeadas a partir da entrada do engenheiro da Companhia Docas de Santos, Victor de Lamare, na diretoria da Associação Protetora da Infância Desvalida. Com a aprovação de um novo regimento interno, aprovado em 1909, foi introduzido o ensino seriado e a educação doméstica obrigatória para as internas.
O trabalho está dividido em duas partes: a primeira, trata das transformações da Cidade, no período de 1867, quando foi inaugurada a “São Paulo Railway”, e a segunda, que trata especificamente do asilo e revela a sua cultura escolar. “Foi possível verificar que o projeto de educação implantado em 1908 veio imbuído de nova representação sobre a função do asilo. Se quando criado, possuía a função de acolher e proteger crianças desvalidas, na nova fase deveria continuar a receber crianças, mas agora coma intenção de prepará-las para ocupar de forma civilizada a nova cidade que se pretendia ‘moderna’”, diz a professora.