Desinformação, horários incompatíveis com o funcionamento das unidades de saúde, falsa sensação de que não há mais perigo devido ao sucesso das ações de vacinações, e principalmente o medo de se vacinar devido à pandemia. Esses são alguns dos fatores que levaram à queda da imunização durante este cenário atual.
Essa questão foi abordada na mesa-redonda “Desafios da Imunização em Tempos de Pandemia no Estado de São Paulo e a Cobertura Vacinal da Região Metropolitana da Baixada Santista”, que integrou o “I Simpósio de Imunização: Desafios e Inovação”, no dia 7 de outubro.
Fizeram parte da mesa de discussões a diretora técnica da Divisão de Imunização do Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde, a médica Helena Keiko Sato, doutora em Medicina (Pediatria), e a médica Cláudia Carneiro Bitar, pediatra infectologista da Secretaria do Estado da Saúde, do Centro de Controle de Doenças e do Centro de Vigilância Epidemiológica.
Destacando a importância da vacinação e a atualização da carteira de vacinação, para todos os grupos, a doutora Helena Sato falou sobre o Programa Estadual de Imunização, que disponibiliza vacinas para todo o ciclo de vida humana. São 48 imunobiológicos, sendo 31 tipos de vacinas, 4 imunoglobulinas e 13 soros específicos de animais peçonhentos. Ela contou que existem cinco calendários vacinais, ou seja, a vacinação não é destinada somente às crianças, mas também aos adolescentes, adultos, idosos, gestantes, puérperas e inclusive para os grupos especiais.
OMS – Trazendo o contexto histórico das vacinas e a necessidade de atualização do calendário vacinal de todas as idades, a doutora listou as medidas que têm sido adotadas para o enfrentamento da queda vacinal e as ações do Programa de Imunização durante esse período de pandemia. Entre as recomendações, a realização da administração das vacinas em áreas bem ventiladas e higienizadas com frequência; disponibilidade de locais para lavagem adequada das mãos, bem como o fornecimento do álcool em gel; limitação do número de acompanhantes; e evitar aglomerações nas salas de espera.
A médica Helena Sato recordou que em 26 de março deste ano, devido à pandemia, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou orientações aos países para protegerem os serviços de imunização essenciais. “A OMS teve preocupação desde o início da pandemia e abriu espaço para essa discussão, de que em tempos como esse não poderíamos perder esse espaço e deixar de vacinar. Sabemos que esse cenário interferiu nas ações de vacinação e nas coberturas. Sabendo disso, a OMS lançou rapidamente essas orientações. Devido ao momento pandêmico, as pessoas desviam a atenção a vacinação”, explicou.
Exibindo dados da cobertura vacinal do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI), em menores de 1 ano, por tipo de vacina, entre 2015 e 2020, Cláudia Bitar mostrou a queda na cobertura por município. Ela salientou a necessidade dos profissionais de todas as áreas da saúde, como o ginecologista e obstetra, disseminarem o conhecimento sobre vacinação, pois assim irá contribuir para uma melhora na cobertura vacinal. “É importante investir nas cadeiras básicas, na formação do médico e da enfermeira. É preciso ensinar sobre a imunização. Não é só o pediatra que deve entender mais sobre o assunto, mas também o ginecologista e o obstetra. Como multiplicadores de informação, temos o poder de combater as Fake News e investir em informação dos nossos profissionais, para que a imunização não seja difícil, e sim apaixonante como é para todos nós”, disse.